Todo o Amadeo num raisonné com 209 obras

Foto

A obra conhecida de Amadeo Souza-Cardoso passou os últimos anos a crescer e a crescer significativamente diante dos olhos da equipa que coordenou o catálogo raisonné do pintor. "O catálogo produzido em 1987 para a exposição do centenário apresentava 145 pinturas; o que agora lançamos apresenta 209, e não é um ponto final. É até mais um ponto de partida do que um ponto de chegada: com a informação que conseguimos recolher, é possível aprofundar a investigação sobre o Amadeo", diz Helena de Melo, coordenadora do volume que é lançado hoje, às 18h, na Fundação Calouste Gulbenkian.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

A obra conhecida de Amadeo Souza-Cardoso passou os últimos anos a crescer e a crescer significativamente diante dos olhos da equipa que coordenou o catálogo raisonné do pintor. "O catálogo produzido em 1987 para a exposição do centenário apresentava 145 pinturas; o que agora lançamos apresenta 209, e não é um ponto final. É até mais um ponto de partida do que um ponto de chegada: com a informação que conseguimos recolher, é possível aprofundar a investigação sobre o Amadeo", diz Helena de Melo, coordenadora do volume que é lançado hoje, às 18h, na Fundação Calouste Gulbenkian.

Não é ainda todo o Amadeo é todo o Amadeo conhecido (na pintura, porque o raisonné do desenho, que devia vir já a seguir, é outra história), mas em versão revista e aumentada.

"Não só encontrámos algumas peças cujo paradeiro era desconhecido desde meados do século XX, como recuperámos muitos títulos originais das peças e produzimos uma ficha detalhada com bibliografia específica e indicação do percurso expositivo de cada obra", continua. Foi uma complexa operação de resgate, dada a escassez da informação disponível nalguns dos casos e as dúvidas de natureza técnica colocadas por outros a meio do processo, a fundação nomeou uma comissão científica independente composta por António Rodrigues, Raquel Henriques da Silva e Rui Mário Gonçalves para resolver alguns problemas concretos suscitados por peças de atribuição mais duvidosa. "Muitíssimas" foram excluídas liminarmente, "entre desenhos e pinturas", ainda antes da intervenção da comissão mas há outras que "continuam no purgatório", adianta Raquel Henriques da Silva. O desenho mostrou-se especialmente problemático e é justamente por ser "tecnicamente difícil legitimar muitos dos desenhos atribuídos ao Amadeo" que a fundação optou por suspender, para já, a edição do terceiro e último volume do catálogo raisonné (o primeiro foi a fotobiografia lançada há um ano).

Na pintura, apesar das dúvidas, a comissão não se deparou com grandes surpresas. "O número de falsos que não levantam dúvidas não é muito grande e alguns deles já eram conhecidos há muito tempo. Mas o estudo técnico da paleta molecular do artista [feito pelo Departamento de Conservação e Restauro da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova] permitiu reabilitar algumas obras que não nos pareciam Amadeos mas afinal têm fortes probabilidades de o ser. Nem tudo fica fechado", sublinha Raquel Henriques da Silva.

O catálogo que actualiza a obra do pintor modernista e a fixa, ainda que não definitivamente, em 209 pinturas está feito, o resto está por fazer. "Temos a responsabilidade de continuar a internacionalização de uma obra que foi internacional ainda em vida do artista", diz Helena de Melo.