Tristeza controlada na festa amarga de John McCain

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Mike Blake/Reuters

McCain deu os parabéns ao seu adversário – a multidão gritou um enorme buuuuu.

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McCain deu os parabéns ao seu adversário – a multidão gritou um enorme buuuuu.

McCain falou do respeito que tem por Barack Obama – um homem grita: “terrorista!”

McCain disse que era um momento histórico, os EUA têm o seu primeiro presidente afro-americano – uma voz esganiçada de mulher sentencia: “Media bullshit!”

Apenas a referência à morte da avó do democrata foi recebida com silêncio.

E os gritos começaram a mudar de tom quando McCain se emocionou ao falar do que foi andar em campanha, agradecer a todas as pessoas que trabalharam nem que fosse uma hora para esta campanha, e reconheceu que “toda a gente cometeu erros” – “Eu terei cometido os meus, mas vou deixar isso para outros analisarem”. “Não, John!”, gritou uma voz possante. “Tu és um herói”. E aqui começaram as repetições: “John McCain! John McCain!”

Ainda McCain não tinha começado a falar já havia pessoas a murmurar críticas entredentes, enquanto espreitavam aparelhos portáteis que pareciam rádios a pilhas – mas eram na verdade telefones tipo iPhone. “Devia ter começado a atacar mais, mais cedo”, dizia um homem no meio da multidão apinhada que tentava passar a segurança para chegar ao relvado. “Acabou”, dizia uma senhora de mais-de-meia-idade num grupo de amigas, ao ouvir que Obama tinha já 290 votos do colégio eleitoral, mais do que os 270 de que precisava. “Ele até deve estar contente por isto ter acabado”.

Quanto ao futuro do partido republicano, muito se ouvia entre quem esteve ontem no Hotel Blitmore em Phoenix: tem de se refundar, tem de inventar qualquer coisa de novo, tem de virar mais ao centro.

Ainda que não tenha falado, a candidata a vice Sarah Palin recebeu uma das maiores ovações da noite, quando McCain falou do seu papel “no Alasca, no partido republicano e no país”.