Itália assina acordo histórico com Líbia para compensar período colonial

Foto
Berlusconi aproveitou a ocasião para renovar as desculpas em nome do seu povo Reuters (arquivo)

O chefe de Governo italiano, Sílvio Berlusconi, aproveitou a ocasião para renovar o pedido de desculpas em nome do seu povo por todos os actos que foram cometidos durante o período colonial na Líbia. “O acordo é composto por um montante de 200 milhões de dólares por ano durante os próximos 25 anos sob a forma de investimentos em projectos de infra-estruturas na Líbia”, informou Berlusconi na sua chegada a Benghazi, antes do encontro com o número um da Líbia, Muammar Kadhafi.

A verdade faz-nos mais fortes

Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.

O chefe de Governo italiano, Sílvio Berlusconi, aproveitou a ocasião para renovar o pedido de desculpas em nome do seu povo por todos os actos que foram cometidos durante o período colonial na Líbia. “O acordo é composto por um montante de 200 milhões de dólares por ano durante os próximos 25 anos sob a forma de investimentos em projectos de infra-estruturas na Líbia”, informou Berlusconi na sua chegada a Benghazi, antes do encontro com o número um da Líbia, Muammar Kadhafi.

Berlusconi assinou nesta cidade mediterrânica, mil quilómetros a este de Trípoli, um acordo para resolver o seu contencioso colonial que resultou dos longos anos de ocupação do século passado. “O acordo deverá pôr fim a 40 anos de desacordo. É um reconhecimento concreto e moral dos males infligidos à Líbia pela Itália durante o período colonial”, acrescentou o número um italiano, em declarações aos jornalistas.

O governante italiano precisou, ainda, que um dos projectos que está previsto que seja financiado será uma auto-estrada que atravessará o todo o país de oeste a este, da Tunísia ao Egipto, e que foi uma das exigências de Trípoli. O acordo prevê, também, a construção de “um elevado número” de alojamentos, a instalação de empresas italianas na Líbia, bolsas para que estudantes líbios possam estudar em Itália e pensões para vítimas que sofreram mutilações com as minas anti-pessoais colocadas pelos italianos durante o período colonial.

Luta contra imigração clandestina

Do documento assinado, deverá resultar ainda a cooperação na luta contra a imigração clandestina, que foi considerada por Berlusconi como a “luta contra os comerciantes da escravatura”. Neste ponto, Itália sempre reclamou mais esforços por parte da Líbia, mas esta recusava-se a investir enquanto não recebesse compensações pelos mais de 30 anos de ocupação, entre 1911 e 1942.

O ministro líbio dos Negócios Estrangeiros, Abdelrahman Chalgham, disse, no entanto, que alguns “pequenos pontos” permaneciam por estudar antes da assinatura do acordo, para que este sirva os “interesses dos dois países”. Sobre o problema da imigração clandestina, o responsável garantiu que já foi assinado um acordo satisfatório no ano passado. “Devo encontrar os meus homólogos maltês e italiano na próxima semana em Malta onde deve ser analisada a possibilidade de integrar Malta neste acordo de cooperação”, acrescentou.

Berlusconi chegou a Benghazi pouco depois do avião militar que transportava “Vénus de Cirene”, uma estátua sem cabeça do século II D.C. descoberta em 1913 por arqueólogos italianos em solo líbio durante a colonização. O chefe de Estado italiano deverá restituir a estátua ao país de procedência, de acordo com uma decisão tomada pela justiça do seu país. Abdelrahman Chalgham afirmou, a este propósito, que “a Líbia recupera assim a sua identidade e uma parte da sua história”.

A visita do responsável italiano à Líbia deverá durar menos de 12 horas, mas coincide com as festividades que assinalam o 39º aniversário da revolução líbia, que aconteceu em Setembro de 1969 e que conduziu Kadhafi ao poder. A próxima semana será marcada por uma visita histórica da secretária de Estado Condoleezza Rice ao país, um acto diplomático que pretende marcar as tréguas entre os dois países.