Ano de 2008 vai ser decisivo para desenvolvimento e consolidação do sector eólico em Portugal

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Portugal produzirá as suas primeiras 450 pás de rotor eólicas em 2008 Pedro Cunha/PÚBLICO

Se o projecto da Eneop em Viana do Castelo – liderado do ponto de vista tecnológico pelos alemães da Enercon e que constitui a parte fundamental do novo cluster industrial eólico – arrancou um ano antes do previsto, por iniciativa dos próprios germânicos, não é de esperar que o mesmo aconteça com os outros dois projectos.

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Se o projecto da Eneop em Viana do Castelo – liderado do ponto de vista tecnológico pelos alemães da Enercon e que constitui a parte fundamental do novo cluster industrial eólico – arrancou um ano antes do previsto, por iniciativa dos próprios germânicos, não é de esperar que o mesmo aconteça com os outros dois projectos.

A Ventinveste assinou o contrato com o Governo português apenas em 18 de Setembro passado, meio ano depois das próprias primeiras previsões oficiais, e ainda não são conhecidos desenvolvimentos no terreno. Quanto aos 200 megawatts da outra fase do concurso, ainda não foram atribuídos, quando a intenção inicial do Ministério da Economia era ter este último processo arrumadoaté ao fi nal do ano que agora está a terminar.

Se a incógnita permanece quanto à fase C, o mesmo não poderá dizer a Ventinveste, cujo parceiro tecnológico é a Repower. Embora, desde Setembro, seja apenas conhecido o facto de este agrupamento de empresas ter passado já a empresa, o consórcio tem de colocar 19 unidades industriais em acção ao longo deste ano. Neste conjunto, 15 unidades serão detidas pela empresa-mãe ou por membros do consórcio, para que se cumpra a promessa contratual de erguer o seu primeiro parque eólico em 2009.

A Ventinveste terá, segundo as condições do concurso que foi lançado pelo Governo, de produzir 130 aerogeradores anualmente e 267 conjuntos de pás, e mais de 90 por cento dos componentes destes aerogeradoresterão de ser fabricados em Portugal. A companhia tem, ainda, por obrigação contratual contribuir para um fundo de inovação, tal como a Eneop.

Em Viana do Castelo, a fábrica da responsabilidade dos alemães da Enercon, que são o parceiro tecnológico da Eneop, deverá funcionar já em cruzeiro em Março de 2008, com 540 trabalhadores distribuídos por dois turnos.

Produzir em família

A antecipação da sua entrada em funcionamento em cerca de um ano deveu-se a uma opção da Enercon, face à existência de encomendas de equipamento por parte de clientes portugueses fora do consórcio.

Neste primeiro ano, a companhia vai produzir 450 pás. Depois, a partir de 2008 e até 2010, produzirá integralmente para os parceiros do consórcio (Enernova, da EDP, Finerge, da Endesa, Generg, da Electrabel e Fundação Oriente, e Sodesa, da Endesa e Sonae). A partir desse ano, está obrigada a exportar 60 por cento do total da sua produção.

A fase A do concurso eólico lançado pelo Ministério da Economia, ganho pela Eneop, consórcio que é liderado pela EDP/Enercon, para atribuição de 1200 MW, prevê 18 instalações industriais, seis construídas de raiz e 12 ampliações de unidades já existentes, e mais de 1500 milhões de euros de investimento no total.

Com o pólo industrial eólico a desenvolver em Viana do Castelo, a Enercon vai construir integralmente os geradores pela primeira vez fora da Alemanha e terá na cidade minhota a sua unidade mais avançada.

Para todo este movimento industrial, há um desejo comum entre os vários protagonistas do sector: que não falte o vento em 2008.