The River in Reverse

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Costello dá a voz a 12 das 13 canções e traz os seus Imposters (com os velhos Attractions Pete Thomas e Steve Nieve, mais o ex-Cracker Davey Faragher). Toussaint toca no disco todo, dá voz a outro, trouxe a sua secção de sopros (os Crescent City Horns) e o seu guitarrista (Anthony Brown). A verdade, contudo, é que "The River in Reverse" começou vida como um disco de versões inteiramente dedicado à obra de Toussaint e só depois se transformou numa colaboração entre os dois compositores, processo reflectido na divisão entre material préexistente e inéditos. Ou seja, convirá não esperar deste álbum o sucessor do magistral disco de inéditos de 2004, "The Delivery Man", antes mais uma das diversões laterais a que Costello nos habituou. No entanto (e só para baralhar mais as cartas), "The River in Reverse" é verdadeiramente o sucessor de "The Delivery Man", o "novo disco" de Costello, o trabalho que renova com a componente política que sublinhou alguns dos seus melhores momentos de vitríolo corrosivo ou poesia lancinante e, ao mesmo tempo, torna evidente a dívida que a sua música urgente sempre teve para com o melhor R & B americano. "The River in Reverse" é um álbum político. Político na medida em que se trata de uma celebração de Nova Orleães inspirada pela destruição da cidade às mãos do furacão Katrina, em Setembro de 2005. Político na medida em que é uma celebração de uma cultura musical específica e da sua influência global. Político, sobretudo, na vontade de não deixar esquecer uma tradição e uma cultura que corre o risco de se perder com a reconstrução da cidade, com a globalização que percorre o mundo e ameaça afogar as especificidades culturais num dilúvio de formatações universais. É por aí que se deve ver o extraordinário acto de humildade que faz com que este disco a meias seja muito mais de Allen Toussaint do que de Elvis Costello. E, ao sê-lo, seja também um dos trabalhos mais sinceros e pessoais de Costello, mesmo que, admissivelmente, não se reconheça à primeira como um clássico. O que não faz mal nenhum; já basta que seja muito bom.

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Costello dá a voz a 12 das 13 canções e traz os seus Imposters (com os velhos Attractions Pete Thomas e Steve Nieve, mais o ex-Cracker Davey Faragher). Toussaint toca no disco todo, dá voz a outro, trouxe a sua secção de sopros (os Crescent City Horns) e o seu guitarrista (Anthony Brown). A verdade, contudo, é que "The River in Reverse" começou vida como um disco de versões inteiramente dedicado à obra de Toussaint e só depois se transformou numa colaboração entre os dois compositores, processo reflectido na divisão entre material préexistente e inéditos. Ou seja, convirá não esperar deste álbum o sucessor do magistral disco de inéditos de 2004, "The Delivery Man", antes mais uma das diversões laterais a que Costello nos habituou. No entanto (e só para baralhar mais as cartas), "The River in Reverse" é verdadeiramente o sucessor de "The Delivery Man", o "novo disco" de Costello, o trabalho que renova com a componente política que sublinhou alguns dos seus melhores momentos de vitríolo corrosivo ou poesia lancinante e, ao mesmo tempo, torna evidente a dívida que a sua música urgente sempre teve para com o melhor R & B americano. "The River in Reverse" é um álbum político. Político na medida em que se trata de uma celebração de Nova Orleães inspirada pela destruição da cidade às mãos do furacão Katrina, em Setembro de 2005. Político na medida em que é uma celebração de uma cultura musical específica e da sua influência global. Político, sobretudo, na vontade de não deixar esquecer uma tradição e uma cultura que corre o risco de se perder com a reconstrução da cidade, com a globalização que percorre o mundo e ameaça afogar as especificidades culturais num dilúvio de formatações universais. É por aí que se deve ver o extraordinário acto de humildade que faz com que este disco a meias seja muito mais de Allen Toussaint do que de Elvis Costello. E, ao sê-lo, seja também um dos trabalhos mais sinceros e pessoais de Costello, mesmo que, admissivelmente, não se reconheça à primeira como um clássico. O que não faz mal nenhum; já basta que seja muito bom.