Fundação Gulbenkian extingue Ballet

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O Ballet Gulbenkian é extinto "no quadro de reestruturação" da instituição Paulo Ricca/PÚBLICO (arquivo)

O Ballet Gulbenkian é extinto "no quadro de reestruturação" da instituição e face à alteração do panorama da dança em Portugal, reconvertendo a Fundação o seu apoio nesta área, refere um comunicado do Conselho de Administração da Fundação.

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O Ballet Gulbenkian é extinto "no quadro de reestruturação" da instituição e face à alteração do panorama da dança em Portugal, reconvertendo a Fundação o seu apoio nesta área, refere um comunicado do Conselho de Administração da Fundação.

A Fundação entende que "a sua acção será mais incisiva através de fórmulas renovadas, mais directamente dirigidas às necessidades que hoje se identificam neste domínio e mais consentâneas com o seu estatuto institucional", lê-se no comunicado.

Extinção até Agosto de 2006

A anunciada extinção do Ballet Gulbenkian, actualmente dirigido por Paulo Ribeiro e composto por 25 bailarinos e quatro estagiários, além dos quadros técnicos, será concretizada até Agosto de 2006.

Numa retrospectiva dos 40 anos da companhia, a Fundação recorda que visava, nessa altura, apresentar ao público português o reportório de dança contemporânea e proporcionar aos bailarinos e coreógrafos uma oportunidade profissional em condições de excelência.

"Quarenta anos depois, o panorama da dança em Portugal alterou-se profundamente" no que se refere à "criação, acesso ao reportório internacional e formação profissional", acrescenta.

Apoio a "modalidades alternativas"

O documento reconhece a necessidade de criação de condições para o bailado em Portugal e anuncia "modalidades alternativas que constituirão a base de um programa de [sua] intervenção" na dança.

Assim, a Fundação propõe-se reforçar a dança e a coreografia no âmbito do seu programa de criatividade e criação artística, instituir bolsas para formação académica no estrangeiro e ainda apoiar escolas e companhias através de ateliers e master classes e da vinda de professores visitantes.

Outros projectos são a criação de programas de apoio a digressões ao estrangeiro, tanto para companhias como para bailarinos e coreógrafos, e o convite a companhias estrangeiras para actuarem em Portugal, não só em Lisboa como noutros espaços "onde se verifica uma maior carência de espectáculos desta natureza".

No contexto desta reestruturação, a FCG avança ainda com a possibilidade de ponderar um esquema de apoio aos elementos do Ballet Gulbenkian que desejem "criar a sua própria companhia de dança".

Ballet fundado em 1965

O Ballet Gulbenkian foi fundado em 1965 e até 1969 a direcção artística esteve a cargo do coreógrafo britânico Walter Gore, com quem a companhia adquiriu e consolidou o profissionalismo.

Entre 1970 e 1975, a companhia tem como director artístico o croata Milko Sparemblek (1970-75), que a leva a voltar-se decididamente para a dança moderna, continuando, no entanto, a repor alguns clássicos cujas criações foram assinadas pelo próprio Sparemblek.

Jorge Salavisa, director artístico entre 1977 e 1996, imprimiu uma abertura da companhia à contemporaneidade, encorajou a revelação e apoiou o desenvolvimento da carreira de coreógrafos nacionais, fomentando, ainda, a formação de bailarinos portugueses através de cursos especiais anexos ao Ballet Gulbenkian.

Entre Março de 1996 e Julho de 2003, a direcção artística da companhia esteve a cargo da brasileira brasileira Iracity Cardoso.

Ao longo deste 40 anos passaram pela companhia, entre outros Olga Roriz, Vasco Wallemkemp, Benvindo Fonseca e Rui Lopes Graça.

Entre os 25 bailarinos que actualmente integram o Ballet Gulbenkian encontra-se Romeu Runa, distinguido o ano passado pelo Instituto das Artes com o Prémio Revelação Ribeiro da Fonte.