Estudo sobre o cancro vence Grande Prémio Bial de Medicina

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Os investigadores permiados acompanharam 17 pacientes com carcinomas digestivos avançados DR

O Prémio Bial de Medicina Clínica foi atribuído a Maria Adelaide Serra e Fernando Ferreira Domingos por uma investigação de sete anos na consulta de Nefrologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que detectou várias modificações nos hábitos alimentares dos portugueses e as principais consequências dessa mudança.

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O Prémio Bial de Medicina Clínica foi atribuído a Maria Adelaide Serra e Fernando Ferreira Domingos por uma investigação de sete anos na consulta de Nefrologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, que detectou várias modificações nos hábitos alimentares dos portugueses e as principais consequências dessa mudança.

"A obra premiada baseia-se na pesquisa de uma resposta imunitária capaz de eliminar as lesões tumorais", refere o comunicado divulgado hoje pela Fundação Bial, logo após terem sido divulgados os nomes galardoados.

A equipa de investigadores da Universidade de Navarra levou a cabo um ensaio clínico com 17 pacientes com carcinomas digestivos avançados - fígado, pâncreas e cólon - que permitiu "verificar, do ponto de vista biológico, alterações pró-inflamatórias no tumor, bem como um incremento da resposta imunitária".

Investigação constata alterações de hábitos alimentares dos portugueses

Na categoria Prémio Bial de Medicina Clínica, com 50 mil euros, foi distinguido um trabalho da dupla de investigadores portugueses Maria Adelaide Serra e Fernando Ferreira Domingos sobre litíase renal (formação de cálculos ou areias nas vias urinárias e biliares). O estudo foi realizado na consulta de Nefrolitíase do Serviço de Nefrologia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

A Fundação Bial destaca como principais conclusões da investigação "as modificações detectadas nos hábitos alimentares dos portugueses, designadamente um consumo dietético elevado de proteínas e de sódio e um baixo consumo de cálcio", factores apontados como eventuais causadores do aumento recente da incidência desta doença.

A mesma investigação destaca ainda pela negativa a forma incorrecta como a maioria dos pacientes é tratada com recurso a "medidas empíricas de validade científica duvidosa". As principais consequências são complicações diversas a nível ósseo e da função renal.

A Fundação Bial distinguiu também três trabalhos de investigação com menções honrosas, no valor de cinco mil euros cada. Os prémios Bial, lançados há 21 anos, são entregues bienalmente e já distinguiram 66 trabalhos de 143 autores. Em 2002, o Grande Prémio Bial foi entregue ao professor universitário Alexandre Castro-Caldas.

Os galardões são atribuídos pela Fundação Bial, criada pela empresa farmacêutica com o mesmo nome e pelo Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, com o objectivo de promover e premiar a investigação científica desenvolvida na área da saúde.

Criada com o objectivo de promover o estudo do homem, a Fundação Bial atribui ainda bolsas de estudo internacionais nas áreas da psicofisiologia e da parapsicologia.

A instituição organiza também, de dois em dois anos, o simpósio Aquém e Além Cérebro, que trouxe a Portugal pela primeira vez o investigador português António Damásio, radicado nos Estados Unidos. Este simpósio, que tem lugar no Porto, coloca normalmente em confronto cientistas mais e menos "ortodoxos", promovendo o debate em torno de temas de "fronteira" como a consciência, percepção extra-sensorial ou o potencial do cérebro humano.