Morreu Ildo Lobo, a voz dos Tubarões

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Depois da extinção dos Tubarões, Ildo Lobo prosseguiu uma carreira a solo DR

Dividindo a sua carreira como músico com a profissão de oficial de alfândega, Lobo era não só conhecido pelas suas mornas, funanás e coladeras, como pelas suas posições políticas e discurso interventivo de cariz marxista.

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Dividindo a sua carreira como músico com a profissão de oficial de alfândega, Lobo era não só conhecido pelas suas mornas, funanás e coladeras, como pelas suas posições políticas e discurso interventivo de cariz marxista.

Depois da extinção dos Tubarões, o cantor prosseguiu uma carreira a solo tendo gravado o seu primeiro disco em 1996, com o título "Nos Morna", dedicado ao pai que acabara de falecer e inteiramente preenchido por mornas. A produção esteve a cargo de Mário Lúcio, do grupo Simentera, e a gravação decorreu em Paris com músicos oriundos da ilha de Santiago. No álbum seguinte, de 2001, "Intelectual", teve a acompanhá-lo a banda de Cesária Évora.

Ao longo da sua carreira, iniciada aos 14 anos no conjunto Madrugada e prosseguida nos Tubarões, Ildo Lobo deu voz a compositores como Manuel d'Novas e Renato Cardoso e interpretou mornas como "05 de Julho", "Cabral ká morri" e "Porton di nôs ilha". Participou ainda numa homenagem a Timor-Leste durante a luta de independência deste país, com o funaná "Ask Xanana" (adaptado de um tema dos Tubarões, "Djonsinho Cabral"), e no disco "Filhos da Madrugada", onde cantou temas de José Afonso. A sua última apresentação em Portugal aconteceu a 2 de Fevereiro, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.