Guterres apresenta caminho para uma nova ordem mundial

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O ex-primeiro-ministro português será reeleito, na quarta-feira, presidente da Internacional Socialista Miguel Silva/PÚBLICO

Guterres irá defender, de acordo com as informações obtidas pelo PÚBLICO junto do seu gabinete de apoio, que a Internacional Socialista "seja a força impulsionadora de uma clara coligação global para uma nova ordem mundial", bem como "por um novo multilateralismo ao serviço da paz e segurança, da democracia e dos Direitos do Homem, do desenvolvimento sustentado e da justiça social."

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Guterres irá defender, de acordo com as informações obtidas pelo PÚBLICO junto do seu gabinete de apoio, que a Internacional Socialista "seja a força impulsionadora de uma clara coligação global para uma nova ordem mundial", bem como "por um novo multilateralismo ao serviço da paz e segurança, da democracia e dos Direitos do Homem, do desenvolvimento sustentado e da justiça social."

O ex-primeiro-ministro português - que na quarta-feira será reeleito presidente da Internacional Socialista e que nessa condição deverá participar no próximo Fórum Social Mundial que se realiza em Bombaim, na Índia - afirmará também hoje que este caminho "é uma resposta à ideologia neo-liberal, à agenda política neo-conservadora e à lógica do unilateralismo, que sacraliza o mercado, mesmo com o sacrifício da pessoa humana" e que "procura desmantelar ou enfraquecer o sistema das Nações Unidas, as organizações internacionais de regulação e o direito internacional".

No mesmo discurso que profira hoje, Guterres criticará directamente a política dos EUA mas também a de Israel: "Nós não aceitamos que a lei seja a vontade do mais forte. Este é um tempo de contradições. Caiu o velho Muro de Berlim, constrói-se um novo Muro na Palestina. A IS é contra os muros de Berlim e da Palestina, os muros não protegem os povos, sejamos claros, separam-os, oprimem-os, segregam-os."

A condenação frontal do terrorismo será também feita por António Guterres, mas em termos diversos dos que têm sido defendidos pela Administração americana:"O terrorismo tem sempre que ser combatido com firmeza, mas é preciso olhar para o outro lado da moeda, se não houver exclusão social, se não houver pobreza e injustiça, se as sociedades forem coesas não será fácil ninguém recrutar um terrorista."

Na sua intervenção, Guterres defenderá a criação de um Conselho da ONU para o desenvolvimento, à semelhança do Conselho de Segurança, que desempenhe o papel que o G-8 devia desempenhar. E sustentará ainda a necessidade de ser congelada a dívida dos países pobres.

Este congresso da IS continuará a trabalhar com o objectivo de preparar uma frente de esquerda para lutar pela criação de uma nova ordem internacional que venha a ser instituída, se não antes, quando actual Administração americana for substituída. Da reunião deverá sair a "declaração de São Paulo", onde estarão presentes algumas das posições assumidas por Guterres na sua intervenção.

Em São Paulo, será estabelecido um acordo de parceria permanente com o Partidos dos Trabalhadores, dirigido pelo Presidente da República do Brasil, Luís Inácio da Silva, "Lula", que hoje abrirá oficialmente o Congresso e que será brindado com uma pequena cerimónia e um bolo, assinalando o seu aniversário pessoal, bem como o passar do primeiro ano sobre a sua eleição presidencial. No congresso, será sedimentada a aproximação e o trabalho conjunto com o Partido Democrata dos EUA.

Por outro lado, em São Paulo, será concretizada a entrada do MPLA para a IS, onde tinha até aqui o lugar de observador. Esta entrada é apresentada como um sinal de incentivo à democratização de Angola.