Apoiantes de Chávez tomam palácio presidencial de Miraflores

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Milhares de pessoas correram para o palácio presidencial para exigir a libertação de Chávez Ricardo Mazalan/AP

O anúncio foi feito telefonicamente à AFP por Rafael Vargas, ex-ministro da Presidência de Chávez, que está entre os "milhares" de pessoas que entraram "pacificamente" no palácio presidencial, incluindo "vários militares, todos eles fiéis a Hugo Chávez".

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O anúncio foi feito telefonicamente à AFP por Rafael Vargas, ex-ministro da Presidência de Chávez, que está entre os "milhares" de pessoas que entraram "pacificamente" no palácio presidencial, incluindo "vários militares, todos eles fiéis a Hugo Chávez".

O autoproclamado Presidente, Pedro Carmona, refugiou-se há uma hora atrás em Fort Tiuna, a principal base militar de Caracas, enquanto milhares de pessoas se manifestam a favor do chefe de Estado deposto, Hugo Chávez, exigindo a sua libertação.

Um número equivalente de pessoas está concentrado em frente ao palácio presidencial de Miraflores, no centro da capital venezuelana, exigem que lhes seja mostrado o documento onde Chávez pede a demissão. O novo Governo afirma e reafirma que o Presidente deposto resignou ao cargo, enquanto colaboradores de Chávez garantem que o chefe de Estado foi forçado a abandonar funções.

Face à concentração crescente em frente ao palácio presidencial, Pedro Carmona abandonou o local, encarregando o tenente-coronel Antonio Rivero González da segurança do edifício.

Pilhagens e incidentes ocorreram um pouco por toda a capital durante as manifestações de apoio a Chávez. A situação é particularmente tensa nos bairros populares do centro e oeste de Caracas, onde duas pessoas foram feridas por balas, segundo a organização de defesa dos direitos humanos Homme Provea.

A auto-estrada que liga os arredores à capital está bloqueada por várias pessoas, que incendiaram pneus.

Ao mesmo tempo, centenas de oficiais da 42ª Brigada de Infantaria Pára-quedista, à qual pertencia o ex-tenente-coronel Hugo Chávez, estão concentrados no aquartelamento da brigada pára-quedista de Maracay, a 80 quilómetros a oeste de Caracas, afirmando a sua fidelidade a Chávez e recusando "a autoridade ilegítima da junta de facto" do Governo provisório.

Segundo jornalistas presentes no local, pelo menos dez generais estão reunidos em Maracay. Um deles, o general das Forças Armadas Julio José Montoya apelou aos apoiantes do Presidente deposto a manterem a calma. O secretário do Conselho de Segurança e Defesa do Governo de Chávez afirmou ainda temer pela vida do chefe de Estado derrubado, exigindo que Chávez seja entregue a representantes das Nações Unidas no país, seja reposto na Presidência e que seja realizado um referendo onde o povo decida se ele permanece ou não no poder. "Apelamos à junta de facto que convoque sem demora, num prazo que não ultrapasse os 15 dias, um referendo, onde o povo soberano decida se o Presidente fica ou sai", declarou.

As Forças Armadas venezuelanas informaram hoje que condicionam o seu apoio ao Governo provisório de Pedro Carmona ao respeito pelas instituições democráticas, entre as quais a Assembleia Nacional, dissolvida ontem pelo novo regime.

Ao mesmo tempo que aviões de combate sobrevoam Caracas, o comandante-geral das Forças Armadas, o general Efrain Vásquez, exigiu a "revisão e modificação" do decreto segundo o qual o Presidente interino, Pedro Carmona, tem poderes especiais para dissolver a Assembleia Nacional e o poder judicial e destituir os governadores dos 23 estados do país e os autarcas venezuelanos.

Num comunicado de doze pontos, o general exige a reposição da Assembleia Nacional e o "respeito pelas autoridades legalmente eleitas pelo povo venezuelano". Há minutos, Pedro Carmona aceitou repor a Assembleia Nacional, por ele dissolvida ontem.

O ex-ministro da Presidência de Hugo Chávez denunciou "o golpe de Estado de tendência fascista" e garantiu "ter sido testemunha" de que Chávez "não renunciou em qualquer altura às suas funções", tendo recusado demitir-se".

Rafael Vargas afirmou que "a repressão é terrível" no país, denunciando a tomada do poder por um Governo interino como um regresso "à época do fascismo nazi".

Por seu lado, o novo ministro da Presidência, o vice-almirante Jesus Briceno, voltou a dizer que Chávez se demitiu "verbalmente" e considera que o Presidente deposto deve ser "enviado para o estrangeiro".

Em declarações à CNN, Padro Carmona afirmou que o desejo de Chávez é sair do país nas próximas horas. "O bem-estar físico do ex-Presidente Hugo Chavez está totalmente preservado. Ele está sob custódia das Forças Armadas, mas não está preso. Nas próximas horas, ele abandonará o país, de acordo com o seu próprio desejo", declarou Carmona.