Estudo português aprofunda conhecimento sobre cancro no estômago

O projecto chama-se "Papel de factores do hospedeiro e da infecção por 'helicobacter pylori' na carcinogénese gástrica" - um título algo confuso para o comum dos mortais - e foi integralmente subsidiado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Traduzindo, os investigadores portugueses - do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), em colaboração com o Grupo de Patologia Gástrica da Faculdade de Medicina da Universidade norte-americana de Nova Orleans - quiseram encontrar na população portuguesa uma relação entre as características genéticas de um indivíduo infectado por esta bactéria e a susceptibilidade ao cancro gástrico, associando-a também à agressividade (virulência) de certas estirpes do agente. Segundo concluíram, "acabam por ter cancro os doentes mais susceptíveis, com infecção por bactérias mais virulentas e com alterações genéticas que perpetuam a inflamação, aumentando assim a agressão da bactéria à mucosa gástrica dos doentes". É que, apesar de 80 por cento da população ser portadora da bactéria, nem todos os organismos reagem da mesma forma - em Portugal, são registados cerca de 3600 novos casos de cancro no estômago por ano. O aparecimento de gastrites mais graves - as gastrites crónicas atróficas, que causam uma forte destruição das células gástricas - já estava associado ao aparecimento de cancro. No entanto, a presença da bactéria não significa um maior risco de cancro e, em muitos casos, não necessita sequer de ser sujeita a tratamento. Aliás, segundo José Carlos Machado, um dos investigadores do Ipatimup, este estudo pode permitir, a partir do reconhecimento de uma série de características genéticas e da bactéria, diferenciar com maior precisão os indivíduos portadores que devem ser sujeitos a tratamento dos que não necessitam de qualquer ajuda na erradicação da "helicobacter pylori". "Há a possibilidade de identificar com maior rigor as características genéticas do indivíduo, elaborando uma série de marcadores moleculares para acrescentar à informação existente", refere. Para o projecto, foi constituído um grupo de controlo composto por 220 indivíduos saudáveis e um outro grupo de 152 pessoas com carcinoma do estômago.

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O projecto chama-se "Papel de factores do hospedeiro e da infecção por 'helicobacter pylori' na carcinogénese gástrica" - um título algo confuso para o comum dos mortais - e foi integralmente subsidiado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD). Traduzindo, os investigadores portugueses - do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup), em colaboração com o Grupo de Patologia Gástrica da Faculdade de Medicina da Universidade norte-americana de Nova Orleans - quiseram encontrar na população portuguesa uma relação entre as características genéticas de um indivíduo infectado por esta bactéria e a susceptibilidade ao cancro gástrico, associando-a também à agressividade (virulência) de certas estirpes do agente. Segundo concluíram, "acabam por ter cancro os doentes mais susceptíveis, com infecção por bactérias mais virulentas e com alterações genéticas que perpetuam a inflamação, aumentando assim a agressão da bactéria à mucosa gástrica dos doentes". É que, apesar de 80 por cento da população ser portadora da bactéria, nem todos os organismos reagem da mesma forma - em Portugal, são registados cerca de 3600 novos casos de cancro no estômago por ano. O aparecimento de gastrites mais graves - as gastrites crónicas atróficas, que causam uma forte destruição das células gástricas - já estava associado ao aparecimento de cancro. No entanto, a presença da bactéria não significa um maior risco de cancro e, em muitos casos, não necessita sequer de ser sujeita a tratamento. Aliás, segundo José Carlos Machado, um dos investigadores do Ipatimup, este estudo pode permitir, a partir do reconhecimento de uma série de características genéticas e da bactéria, diferenciar com maior precisão os indivíduos portadores que devem ser sujeitos a tratamento dos que não necessitam de qualquer ajuda na erradicação da "helicobacter pylori". "Há a possibilidade de identificar com maior rigor as características genéticas do indivíduo, elaborando uma série de marcadores moleculares para acrescentar à informação existente", refere. Para o projecto, foi constituído um grupo de controlo composto por 220 indivíduos saudáveis e um outro grupo de 152 pessoas com carcinoma do estômago.