Less is more

No último Spectator Rory Sutherland propõe que os ingleses inventem um telefone portátil de grande qualidade e eterno bom gosto, na forma de uma bengala de Malaca. Apenas serviria para fazer telefonemas e mandar sms. O Reino Unido tem jeito para a alta-fidelidade e para os objectos de cabedal e madeira que se tornam clássicos. Vale a pena ler (procure "spectator mobile phones"). embora a ilustração da crónica seja um despautério.

Faz falta um telemóvel simples. Não existe. O mais parecido é o extraordinário Nokia 100 que custa 20 euros (desbloqueado), pesa quase nada, tem bons botões, bom som e uma bateria que dura vários dias.

É o ideal para quem vai para um lugar onde não é desejável ter-se um pequeno computador portátil, como é o iPhone ou um maiorzinho, como o iPad.

Quais são os defeitos do Nokia 100? O maior é não ser simples. É preciso escolher toques. É preciso escolher panos de fundo. Todos são muito maus. Apesar de ser um telemóvel admiravelmente estúpido, arma-se em smartphone de terceira.

Tem rádio FM. Para quê? Tem auricular e flashlight: obrigados. O Nokia 100 é capaz de ser a maior pechincha do século XXI, se não fosse o vexame de querer ser melhor e mais complexo do que, na verdade e para nosso grande contentamento, é.

À grande companhia finlandesa que é a Nokia só apetece dizer: tenha calma; esforce-se menos; simplifique mais ainda. Mies van der Rohe não era apenas um génio. Tinha razão: less is more. Concentrar é que é.
 
 

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