Guardas pedem novas regras contra telemóveis nas cadeias

Reivindicação surge depois de o Jornal de Notícias ter noticiado que há dezenas de reclusos a tirar fotos no interior das cadeias e a exibi-las nas redes sociais.

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O sindicato volta a alertar para a falta de pessoal nas prisões Carlos Lopes

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) voltou neste domingo a reivindicar novas regras para reforçar o controlo das visitas nos estabelecimentos prisionais e impedir que os reclusos tenham acesso a telemóveis.

O Jornal de Notícias noticia hoje que "dezenas de reclusos tiram fotos no interior das cadeias, usando telemóveis, que exibem nas redes sociais" e que os aparelhos "são vendidos entre 200 e 300 euros", apesar de proibidos nos estabelecimentos prisionais.

O presidente do SNCGP, Jorge Alves, referiu à agência Lusa que "é lamentável" que reclusos tenham telemóveis nas cadeias e salientou a insistência junto da Direcção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e do Ministério da Justiça para "uma nova regulamentação".

Jorge Alves identificou que o problema está "no controlo" das visitas e salientou que têm sido detectados telemóveis "nas sapatilhas, nos tacões de botas de senhora e até dentro de televisões plasmas e consolas de videojogos destinados a reclusos".

"Há falha no controlo e têm sido detectados telemóveis em praticamente todas as prisões", observou, alertando não só para a necessidade de "formação dos guardas prisionais" como para a ausência de "fiscalização e inspecção" nos estabelecimentos prisionais.

Também notou a escassez de guardas prisionais e o facto de "muita gente entrar nas cadeias, como técnicos de saúde e funcionários da cozinha", lembrando a recente condenação de uma telefonista por introduzir droga no Estabelecimento Prisional de Coimbra.

No entender de Jorge Alves, outra das medidas que contribuiu para a proliferação de telemóveis foi a introdução do novo sistema de cabina, que permite cinco minutos diários aos reclusos.

"Limitar o tempo vai criar uma situação que os guardas prisionais não podem controlar", salientou, acrescentando que os telemóveis possibilitam mesmo que os reclusos possam ameaçar outras pessoas e manter actividade ilícita, uma vez que têm contacto com o exterior.

O presidente daquela estrutura de guardas prisionais recordou que, em 2009, foi apresentada proposta à então Direcção-Geral dos Serviços Prisionais de um sistema de uma empresa brasileira, mas lamentou que não tinha sido implantado.

O sistema permitia cortar todos os sinais de telemóvel dentro de um estabelecimento prisional, criando a excepção dos aparelhos do director da prisão e do chefe do corpo de guardas.

Segundo o RASI (Relatório Anual de Segurança Interna), foram apreendidos em 2013 1222 telemóveis na posse de reclusos, mais 11 do que no ano anterior.

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