Sousa Tavares admite que foi “excessivo” chamar palhaço a Cavaco

Escritor reconhece que não devia ter proferidos aquelas palavras e considera normal inquérito aberto pela PGR.

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Miguel Sousa Tavares Bruno Simões Castanheira

O escritor Miguel Sousa Tavares reconheceu nesta sexta-feira que não devia ter chamado palhaço a Cavaco Silva e considerou “normal” que o Presidente da República tenha pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR) para abrir um inquérito às suas declarações publicadas no Jornal de Negócios.

Em declarações à agência Lusa, o escritor e cronista, que deu uma entrevista ao Jornal de Negócios sob o título “Beppe Grillo? Nós já temos um palhaço. Chama-se Cavaco Silva” admitiu ter sido “excessivo” nas palavras, considerando que se tratou de um "deslize" pelo qual terá de responder.

Embora tenha referido que o político Cavaco Silva não lhe merece qualquer respeito, sublinhou que o mesmo não acontece em relação ao chefe de Estado.

 Acrescentou que a frase foi dita “no contexto de uma entrevista e posta num título garrafal em que toda a gente vê”, o que “aumenta o efeito”.

“Não sou responsável sobre isso, nem sou responsável pela frase porque eu não disse o Presidente da República é um palhaço”, disse.

“Perguntaram-me se não temia que apareça um palhaço aqui e eu disse já temos um; fui atrás da pergunta, mas reconheço que não o devia ter feito, não pelo professor Cavaco Silva enquanto político, mas pelo chefe de Estado que é uma entidade que eu respeito”, sublinhou Miguel Sousa Tavares.

Razão por que o escritor considerou normal que lhe abram um processo judicial, pelo qual se irá defender dizendo isto mesmo.

“É muito simples, eu não tenho nenhuma consideração política pelo professor Cavaco Silva, conforme é público, mas tenho pelo chefe de Estado, seja ele quem for e nesse sentido reconheço que não devia ter dito aquilo, mas de facto fui arrastado pela pergunta, não é uma coisa que me tenha saído a mim espontaneamente ”, admitiu.

Quem me conhece sabe que não sou do género de fazer ofensas nem por escrito e até já defendi na televisão, quando o Presidente foi insultado não sei onde, que achava lamentável", lembrou.

Ao Expresso, o escritor foi mais ainda longe: “Acho que o Presidente e o Ministério Público têm razão. Reconheço que não devia ter dito aquilo. Fui atrás da pergunta”, disse.

"O processo vai seguir, logo verei o que digo. Obviamente chamei-lhe palhaço no sentido político", acrescentou o escritor.

A Procuradoria-Geral da República abriu um inquérito a Miguel Sousa Tavares na sequência da sua entrevista ao Jornal de Negócios por as declarações serem susceptíveis de configurar um crime de ofensa à honra do Presidente da República.

De acordo com a lei, “quem injuriar ou difamar o Presidente da República, ou quem constitucionalmente o substituir, é punido com pena de prisão até três anos ou com pena de multa”.

Porém, no caso de Miguel Sousa Tavares, esse crime é agravado por ter sido um acto público, segundo o número dois do mesmo artigo. “Se a injúria ou a difamação forem feitas por meio de palavras proferidas publicamente, de publicação de escrito ou de desenho, ou por qualquer meio técnico de comunicação com o público, o agente é punido com pena de prisão de seis meses a três anos ou com pena de multa não inferior a 60 dias”.

Notícia actualizada às 15h02 Acrescenta mais declarações de Miguel Sousa Tavares

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