Seguro acusa Passos de "mentir" e "negociar nas costas dos portugueses"

Líder do PS exige que o primeiro-ministro esclareça o que acertou com a troika sobre as novas regras para o cálculo das pensões sem falar com ninguém.

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O documento que Seguro apresenta este sábado foi mantigo em sigilo Rui Gaudêncio

O líder do PS acusou este domingo o primeiro-ministro de não ter respeito pelos portugueses, por lhes “mentir” e os “enganar” ao “negociar nas costas dos portugueses mais sacrifícios com a troika”. E exigiu que Passos Coelho esclareça rapidamente a questão.

António José Seguro lembrou que depois de o Governo e o próprio primeiro-ministro terem negado a existência de intenção de novos cortes nas pensões ou de haver qualquer proposta sobre a indexação futura do valor das reformas à evolução económica, este domingo soube-se que essa estratégia está definida no documento da Comissão Europeia, datado de 19 de Março, que encerra a 11ª avaliação da troika ao programa português.

O episódio “mostra bem a cultura e a matriz deste Governo: negociar nas costas dos portugueses, enganar os portugueses para negociar com a troika mais sacrifícios sobre os mesmos – pensionistas, reformados e funcionários públicos”, apontou o líder socialista. Que não se coibiu de usar palavras mais fortes para descrever o executivo e o próprio Passos Coelho que, disse, usa um discurso “imoral”.

“Isto significa que este Governo e este primeiro-ministro não jogam limpo com os portugueses; que este primeiro-ministro não mostra toda a verdade aos portugueses, que este primeiro-ministro não tem respeito pelos portugueses”, apontou António José Seguro.

“Nós podemos concordar ou discordar da governação. O que não se pode aceitar é que haja um Governo e um primeiro-ministro que governa mentindo aos portugueses. E a palavra é mesmo mentir aos portugueses, enganar os portugueses”, criticou o líder socialista. Mais: “Hoje quando lhe disseram ‘esclareça os portugueses’, o que o primeiro-ministro fez? Fugiu e não deu qualquer esclarecimento”, descreveu.

Seguro defendeu que um Governo “tem que ser transparente nos seus compromissos” e desafiou Passos Coelho a “esclarecer rapidamente o que se passa” e que “novas condições foram essas que negociou [com a troika] sem falar com mais ninguém”. Porque, salientou, os que trabalharam uma vida inteira “não podem viver nesta incerteza e insegurança”.

“Os portugueses têm o direito à verdade. Nós precisamos de construir sociedades justas na repartição da riqueza e dos sacrifícios”, afirmou o secretário-geral do PS. “Precisamos de Governos decentes que falem a verdade. Toda a gente sabe que vivemos tempos difíceis, mas a decência faz parte da cultura democrática.”

E avisou, repetindo a ideia que deixara no sábado: “Com este Governo e com este primeiro-ministro todo o cuidado é pouco. Nós temos que estar vigilantes, mas não é aceitável esta forma de governação num regime democrático.”

Durante o discurso, Seguro fez questão de vincar as diferenças ideológicas entre o PS e o actual Governo “na maneira de olhar para o país, de conceber o Estado e na maneira de governar e de respeitar os portugueses”.

Disse que o PS aposta na competitividade valorizando o capital humano enquanto o primeiro-ministro manda os portugueses emigrar; afirmou que na perspectiva do Governo deve haver um “Estado mínimo, deixando completamente ao mercado a possibilidade de resolver os problemas da sociedade” enquanto o PS considera que o Estado deve desenvolver funções sociais como a educação, saúde pública, e protecção social para todos. E, por último, a questão do respeito pelos portugueses que, nas palavras de Seguro, o Governo provou não ter com o episódio sobre a mudança das regras das pensões.

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