Seara deixa política com "mágoas dolorosas" e regressa à universidade em 2013
Fernando Seara, presidente da Câmara de Sintra, anunciou este sábado, em Santarém, que no final do mandato, em 2013, vai regressar à universidade, abandonando definitivamente a vida autárquica. E confessa que sai com "mágoas dolorosas".
A um ano das eleições autárquicas, Fernando Seara fecha assim a porta a uma candidatura autárquica pelo PSD. O nome do actual presidente da Câmara de Sintra vinha a ser apontado há já algum tempo para protagonizar uma candidatura ao município de Lisboa, defrontando o socialista António Costa. Este sábado, no XX Congresso da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP) a decorrer em Santarém, Seara anunciou, inesperadamente, que vai regressar ao ensino.
Na intervenção no congresso, Fernando Seara deixou críticas à forma como o poder local e o poder central se têm relacionado, numa alusão “aos bons que estão de um lado e aos maus que estão do outro, consoante a perspectiva”.
Aos jornalistas, no átrio que antecede o acesso ao auditório onde decorrem os trabalhos da reunião magna dos autarcas, o presidente da Câmara de Sintra disse taxativamente que o “poder central e o poder local não podem continuar nesta luta amigo/inimigo sistemática" e frisa que "tem que haver consciência que há homens e mulheres do poder central competentes, como há homens e mulheres no poder local competentes. Há homens e mulheres no poder central com visão central, com visão de Estado, e há homens e mulheres no poder local com visão de Estado.”
“O que me perturba nos últimos tempos é a noção do Estado ser concentrada em algumas avenidas de Lisboa. Isso perturba-me até porque fui professor de alguns titulares de cargos políticos e nalgumas cadeiras importantes da realidade política e não me esqueço do que lhes ensinei e tenho a certeza de que não desaprenderam, porque senão dizia-lhes para tomarem fosgluten, que é um remédio para a memória”, declarou com alguma ironia.
Seara discorda da estratégia de “bons e maus” definida pela direcção da ANMP, que considera “errada”. “Esta luta amigo/inimigo cujo resultado visível é um conjunto de pequenas vitórias e em alguns casos algumas grandes derrotas.”
Sai com “mágoas" e algumas "mágoas dolorosas" mas também diz que sai "enriquecido”. “Estou mais rico e estando mais rico estou com maior capacidade para avaliar o Estado.”
“Eu sou da geração dos presidentes de câmara do défice porque fui eleito e pouco depois foi eleito o Governo do Dr. Durão Barroso e houve cortes”, disse, lembrando que o concelho de Sintra foi “objecto da primeira SCUT portajada". "Chamava-se CREL e foi no meu primeiro mandato em Sintra que a CREL passou a ser portajada."
E despede-se com uma confissão: "Em Portugal estamos cheios de minúsculos estadistas, pequenos estadistas. Grandes faltam muitos!"