Rui Moreira admite concertar posições e promete diálogo

O independente decretou tréguas na Câmara do Porto, mas exige aos vereadores da sua lista articulação com as suas posições, para que o executivo não fale a várias vozes.

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Adriano Miranda

O presidente da Câmara do Porto superou a sua primeira prova de fogo no seio da maioria, mantendo os pelouros da Fiscalização e Protecção Civil sob tutela do vereador Manuel Sampaio Pimentel, que é do CDS e chegou a integrar a direcção de Paulo Portas, mas Rui Moreira é criticado nos bastidores pela forma como conduziu a crise que se abriu ao fim de quase um ano de estado de graça à frente do executivo.

Nos corredores da câmara comenta-se que o presidente independente, eleito com o apoio do CDS, nunca se sentiu completamente tranquilo com a decisão de retirar os pelouros ao vereador Sampaio Pimentel, embora fosse essa a sua vontade, como fez questão de dizer em vários círculos. No entanto, Rui Moreira terá ponderado as consequências políticas do seu gesto e acabou recuando depois das conversas com o CDS.

É que Sampaio Pimentel, que sempre teve o partido do seu lado, poderia não ficar sozinho nesta guerra. A vice-presidente Guilhermina Rego, que deve regressar esta quinta-feira à câmara, poderia juntar-se ao único vereador do executivo portuense que é militante do CDS. E se assim fosse, Rui Moreira, que elegeu seis elementos para o executivo num total de 13, acabaria por perder dois dos elementos da sua lista. E nesta nova contabilidade, para além de si próprio teria do seu lado Paulo Cunha e Silva, Filipe Araújo e Cristina Pimentel (que ocupam a quarta, quinta e sexta posição na lista sufragada pelos portuenses), mais dois vereadores eleitos pelo PS, Manuel Pizarro e Manuel Correia Fernandes, independente eleito na lista socialista. Seriam seis no total contra sete na oposição.

O presidente acabou por decretar tréguas na Câmara do Porto, sanando o incidente, como lhe chamou, mas no executivo há quem lamente a forma como conduziu o processo. “Ele não tem consciência de que estas coisas não se fazem assim. Se queria tirar os pelouros a Sampaio Pimentel tinha levado a sua decisão até ao fim, se não queria nunca deveria ter falado do assunto como falou”, disse ontem ao PÚBLICO um membro do executivo.

Do que Rui Moreira, Manuel Sampaio Pimentel e Pedro Moutinho (líder da concelhia do CDS-Porto) falaram na segunda-feira) nada se sabe. No entanto, não será preciso especular muito para perceber que a partir de agora terá de haver mais concertação e mais diálogo entre os vereadores e o presidente, que tem uma equipa - como o próprio reconheceu - que congrega diferentes sensibilidades. A falta de diálogo é, aliás, uma das críticas recorrentes ao independente que preside à Câmara do Porto. O independente Rui Moreira quer a câmara a falar a uma só voz sempre que em causa estejam propostas e questões que constem do manifesto eleitoral que apresentou à cidade. Terá sido este o compromisso que obteve do CDS?

O vereador da Fiscalização e Protecção Civil, o grande protagonista desta contenda, contínua em silêncio. Até quando não se sabe.

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