RTP já pagou três milhões pela Liga dos Campeões

Serviço público assinou novo contrato de concessão e terá mudanças nas direcções em breve. Poiares Maduro promete ter “prudência adicional” ao falar da RTP.

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Gonçalo Reis em 2009, quando tomou posse como vereador da oposição na Câmara de Lisboa, eleito na lista de Pedro Santana Lopes. Enric Vives-Rubio

A RTP já pagou três dos 15 milhões de euros do contrato pelos direitos das próximas três épocas da Liga dos Campeões que começará a emitir no final deste Verão. O presidente da empresa avisa que “vai ser difícil de rentabilizar financeiramente porque foi adquirido por um montante muito elevado, quiçá elevado demais”, mas garante que vai cumprir o contrato que já estava feito quando chegou.

O pagamento dos direitos de transmissão televisiva da Liga dos Campeões entre 2015 e 2018 foi feito na assinatura do contrato, em Novembro passado. O facto de a administração liderada então por Alberto da Ponte ao conselho geral independente foi um dos pontos principais da polémica entre os dois órgãos e por ter quebrado a confiança entre eles foi uma das razões que ajudou ao pedido de destituição da equipa de gestão.

Na cerimónia de assinatura do novo contrato de concessão de serviço público que agora agrega as operações de rádio e de televisão – com uma óbvia subalternização da primeira à segunda -, Gonçalo Reis reafirmou os compromissos da nova administração com a “defesa da lógica de serviço público baseada numa programação de qualidade e diferenciada”, a “aposta no online, multimédia e novas plataformas”, e na “eficiência empresarial e equilíbrio económico”.

Questionado pelo PÚBLICO sobre se o financiamento actual é suficiente para cumprir as premissas de um contrato de concessão reforçado nas obrigações de serviço público, como é o caso de a RTP assumir o papel de promotora da produção nacional, com encomendas no mercado, Gonçalo Reis não foi directo. Disse que as receitas da contribuição para o audiovisual cobrem 80% da base dos custos actuais. O resto é conseguido com publicidade.

O presidente deixou no ar que os cortes que começaram ainda com Guilherme Costa, em 2011, vão continuar. “Vai depender da capacidade da gestão encontrar as maneiras da RTP prestar um serviço público diferenciado e ter eficiência organizativa que lhe permita encaixar [as operações] dentro dos montantes que estão definidos. Essa é a nossa obrigação da gestão.”

Sobre as esperadas mudanças no organigrama e direcções de programas e informação, o presidente prometeu “colocar peças em jogo e fazer as mudanças necessárias para a empresa funcionar melhor (…) não mudamos pessoas por mudar pessoas. Queremos encontrar as melhores soluções para cumprir os objectivos de devolver à RTP uma lógica de serviço público diferenciada”. Mas esquivou-se a falar sobre prazos para mudanças ou sobre despedimentos. “As mudanças têm sempre uma lógica, um racional, e tem sempre uma visão. Já [identificaram] e serão comunicadas atempadamente e em conjunto”, prometeu.

O novo presidente da RTP fez também elogios ao novo modelo de governo do serviço público, contradizendo o que escrevera há um ano sobre a criação do conselho geral independente, num artigo de opinião no Diário Económico.

O ministro da tutela salientou o objectivo do modelo que criou - acabar com a ideia e o risco de governamentalização da RTP – e agora que todo o processo está fechado promete ter uma “particular prudência nesta fase inicial”. “Porque quando um Governo se pronuncia [sobre a RTP] é facilmente entendido como uma forma de pressão”, admitiu Poiares Maduro que, tal como Gonçalo Reis, pediu “tempo” para que o modelo assente numa supervisão independente mostre se funciona.

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