Quatro notas sobre as eleições

1. Após as sondagens da última semana, a única esperança do PS residia nisto: ter mais deputados no Parlamento do que o PSD. Nesse caso, poderia ainda ter alguma esperança que colasse o argumento da dissolução automática da coligação após as eleições. Falhando isso, o PS perde todas as condições políticas para aparecer subitamente à cabeça de uma coligação-sombra, juntando o Bloco e a CDU. É óbvio que a única solução que resta a Cavaco Silva é convidar o PàF a formar governo. E é óbvio que a única solução que resta ao PS é não deitar abaixo esse governo antes do Orçamento do Estado de Outubro de 2016.

2. É uma revolução na história política do país esta ideia peregrina de que o PS está mais próximo do Bloco de Esquerda do que do PSD. Basta olhar para os respectivos programas eleitorais: alguém acredita que o programa económico desenhado por Mário Centeno veste melhor a Catarina Martins do que a Passos e Portas?

3. A melhor solução para Portugal seria esta: 1) queda de António Costa; 2) eleição de um líder ao centro no PS; 3) formação de um Bloco Central. O mais difícil – senão impossível – é o passo 2. E, por isso, o passo 1 pode nem chegar a acontecer.

4. Nunca assisti a uma conversa tão extremada em plena noite eleitoral. CDU e Bloco estão de faca nos dentes, recusando um novo governo de direita. Se se unissem ao PS para mandar o governo abaixo sem qualquer pudor, poderia muito bem repetir-se 1987. Só mesmo se o PS fosse doido é que embarcaria numa dessas.

 

 

 

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