Portas acusado de ofender chineses com atraso de duas horas

Jornal Hoje Macau considera o facto “inenarrável” e acusa vice-primeiro-ministro de “falta de chá”.

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Destaque da edição desta terça-feira do jornal Macau Hoje

O jornal de língua portuguesa Hoje Macau classificou como “inenarrável” o atraso de duas horas de Paulo Portas a um encontro, no passado domingo, com a comunidade portuguesa de Macau e na qual se encontravam diversas personalidades chinesas.

O jornal, que faz manchete com o atraso do vice-primeiro-ministro português na sua edição desta terça-feira, fala mesmo em “falta de chá” e cita um empresário português que diz que os chineses consideram o atraso “como uma ofensa e uma falta de consideração”.

O encontro, organizado pelo consulado de Portugal em Macau, estava marcado para as 21h e Paulo Portas só chegou às 23h. “Paulo Portas chegou atrasado. Não se explicou, não pediu desculpas e falou para quem não estava lá”, relata Hoje Macau.

Ainda segundo o jornal, quando Paulo Portas chegou “praticamente todos os convidados de etnia chinesa tinham já partido, expressando delicadamente o seu desagrado pela situação”.

“É incompreensível esta atitude que basicamente tirou a face à nossa comunidade. Uma vergonha! Inenarrável!”, conta ao jornal um empresário português “há muito radicado na região”.

“De etnia chinesa, permaneceram na sala apenas alguns elementos do Gabinete de Ligação do Governo da República Popular da China (RPC) e Cao Guangjing, presidente da empresa China Three Gorges que, recentemente, adquiriu uma posição maioritária na EDP”, relata o Hoje Macau, acrescentando que muitas figuras chinesas de destaque já se tinham ido embora.

Acrescentando que Paulo Portas “não explicou nem se desculpou pelo seu inusitado atraso”, o jornal diz ainda que o vice-primeiro-ministro protagonizou um discurso “equivocado”, já que “fez um resumo, ‘breve’, nas suas palavras, das relações económicas recentes entre Portugal e a República Popular da China, na sua vertente exclusivamente económica, como se se estivesse a dirigir unicamente a empresários chineses e não à comunidade portuguesa de Macau como um todo que era, afinal, a destinatária do convite endereçado para a recepção”.

“Infelizmente, a vinda de representantes do Estado português redunda quase sempre nisto: na nossa perda de face e na necessidade de nos desculparmos perante os chineses por uma notória falta de chá. Mais valia que não pusessem cá os pés”, disse um dos presentes ao abrigo do anonimato ao Hoje Macau.

Ainda segundo o jornal, esta atitude de Paulo Portas “veio tornar mais difícil a missão do cônsul português, Vítor Sereno, “ao invés de o ajudar a projectar de forma positiva o bom-nome de Portugal”.

A visita de Paulo Portas a Macau termina nesta terça-feira.

CDS esclarece
Entretanto, o gabinete do vice-primeiro-ministro emitiu uma nota  a explicar por que se atrasou Paulo portas.

Segundo o gabinete, após a viagem Lisboa-Zurique-Hong Kong, “a delegação portuguesa, devido a um atraso no ferry de ligação a Macau, chegou a esta cidade apenas às 21h20 de domingo.;

“Como é protocolar”, acrescenta a nota,  “a delegação foi recebida pelas autoridades chinesas e macaenses na estação fluvial, onde foram cumpridas as formalidades de apresentação de cumprimentos e verificação de documentos, o que motivou que a saída da delegação se desse apenas às 21h30".

Depois, a delegação foi conduzida, em viaturas do protocolo chinês, ao hotel, onde chegou pelas 21h55.

“A instrução dada pelo vice-primeiro-ministro foi de que não se demorasse mais de 20 minutos a deixar bagagem e preparar, após 16 horas de viagem, a partida para o consulado, que se deu pelas 22h15, novamente em viaturas do protocolo chinês”, esclarece ainda o gabinete de Portas.

A chegada ao Consulado terá acontecido pelas 22h30, “estando a sala repleta de convidados, incluindo comunicação social portuguesa e local”

“É por isso destituído de fundamento, quer a fita do tempo apresentada pelo referido jornal local, quer a alegação de que o vice-primeiro-ministro teria provocado voluntariamente algum atraso na recepção em homenagem à comunidade portuguesa”, conclui.

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