Para Torgal Ferreira, "agradecer a resignação a quem sofreu" é "um insulto"

Bispo das Forças Armadas aproveitou peregrinação a Fátima das Forças Armadas para alertar o Governo.

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Torgal Ferreira é bispo das Forças Armadas desde 2001 Foto: Daniel Rocha

Responsável religioso garantiu não estar a falar de política, invocando antes a doutrina social da Igreja para criticar os cortes nas reformas e apoiar a greve dos professores.

A resignação não faz parte da sua cultura cristã e, na doutrina social da Igreja, não há espaço para cortes nas pensões dos reformados ou para o abandono dos professores. O bispo das Forças Armadas fez esta sexta-feira violentas críticas à presente situação do país, perante uma assistência composta por militares e membros do Governo. 
 

As palavras de Januário Torgal Ferreira surgiram no final da missa oficial da XXXII Peregrinação a Fátima da Diocese das Forças Armadas e Segurança.  “Vejo que pessoas que hoje ocupam cargos no Governo são incapazes de dizer 'pobre'. Temos dois milhões de pobres. Mas, sobretudo, pedir, agradecer a resignação a quem sofreu tanto? Eu acho um insulto. Isso era o que Salazar pedia e eu não aceito a resignação em nome da minha cultura cristã e humana”, sublinhou, de acordo com a agência Lusa. 
 

O bispo das Forças Armadas explicou que, durante a homilia, procurou frisar que, “quando as pessoas desempenham funções importantes para a pátria, é importante meditar sobre os valores dessas funções”. Palavras que disse ter dirigido “aos militares e, com toda a liberdade e todo o respeito, às autoridades civis”. 
 

O prelado lembrou que, “desde a primeira hora, houve gente inteligente, patriótica e fraterna que disse que íamos pelo mau caminho”, e legitimou as suas tomadas de posição, salientando que não está a falar de política, mas da doutrina social da Igreja. “Vejam o caso do Brasil, abram os olhos. O povo quer educação, saúde”, exemplificou, recordando que, em Portugal, “descascavam todos os meses o salário” aos reformados e lembrando os recentes acontecimentos com os professores. A docência, “como classe, está abandonada. Fizeram muito bem em ir para a greve. Não quiseram prejudicar as crianças. É preferível que um jovem seja prejudicado um dia pela greve do que todos os dias por um sistema público de educação que é um remendo e uma insensatez em muitas coisas”, criticou. 
 

A missa contou com a presença dos ministros da Defesa e da Administração Interna, Aguiar Branco e Miguel Macedo, respectivamente. 
 

  
 

  
 

  
 

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