Pablo Iglesias: “Marisa tem algo mágico. Nós, pessoas normais, caminhamos, a Marisa avança"

Catarina Martins apelou ao voto na candidata apoiada pelo Bloco. “Precisamos de ser muito melhor do que simplesmente não ser Cavaco”, disse. E Helena Roseta apoia Marisa Matias.

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Pablo Iglesias com Marisa Matias no comício deste sábado em Lisboa Nuno Ferreira Santos
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Nuno Ferreira Santos

O Cinema São Jorge, em Lisboa, está cheio. O comício da candidata a Belém, Marisa Matias, termina com People have the power, de Patti Smith. Todos aplaudem de pé: o secretário-geral do Podemos, Pablo Iglesias, por quem se esperava, e todas as figuras de peso do Bloco de Esquerda. Mas a grande surpresa neste sábado foi a chegada da deputada eleita como independente pelo PS, Helena Roseta que, à margem, fez questão de dizer que “já é tempo” de ter uma mulher na Presidência da República. Uma “mulher de causas” que faz lembrar, nota, o verso de Sophia de Mello Breyner – “os outros calculam mas tu não”.

Helena Roseta está “farta de políticos que fazem muitas contas”. Questionada sobre o facto de haver uma mulher socialista na corrida, Maria de Belém, responde: “Já disse o porquê do meu apoio à Marisa. Agora tirem daí as vossas conclusões”.

Quando chega, a porta-voz do BE, Catarina Martins, sobe a uma cadeira, abraça João Semedo. No discurso, diz que, depois de haver uma maioria parlamentar de esquerda, não se pode recuar: “As presidenciais são essenciais neste caminho.” Critica o discurso segundo o qual “qualquer coisa que venha depois de Cavaco há-de ser melhor”. “Como se chegasse”, ironizou. “Precisamos de ser muito melhor do que simplesmente não ser Cavaco”, disse.

Para Iglesias, Marisa Matias “pode disputar a segunda volta”. Há “muitas coisas que estão a mudar na Europa”, as pessoas querem ter na Presidência da República “alguém que se pareça com gente normal”. Salientou tudo o que aprendeu com a eurodeputada sobre política internacional, elogiou-lhe a “dimensão humana”. E afirmou: “Marisa tem algo mágico, nós, pessoas normais caminhamos, a Marisa avança”.

A Constituição marcou parte do discurso da candidata: considerou uma “situação curiosa” que os dez candidatos digam que apoiam a Lei Fundamental; referiu-se a uma “Constituição ilegal e secreta que manda em Portugal”, a que “se faz em Bruxelas e em Berlim”, a “dos donos disto tudo”. “Estamos fartos dessa lei que ignora a nossa Lei Fundamental”, disse, acrescentando que “há por isso, nesta campanha, os candidatos da conversa fiada”, que só apoiam a “capa” da Constituição. Usando uma expressão do escritor Pepetela, falou nos “calcinhas” que “obedecem a tudo”, que “têm a coluna treinada para as vénias”. Marisa Matias é, garantiu, “a candidata perigosa para os calcinhas”, para a “tristeza”, para a “fatalidade”. 

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