Em bloco, os partidos da oposição votaram contra a criação de uma comissão parlamentar para debater a reforma do Estado, proposta pela maioria PSD/CDS e que foi aprovada, esta sexta-feira, no Parlamento.

O PS, pela voz de António Braga, disse estar disponível para debater a reforma do Estado, mas lembrou que a proposta dos socialistas era que fosse feito através das comissões parlamentares. “Esta comissão [da maioria] não é para reflectir, mas sim disfarçar corte de quatro mil milhões de euros em áreas e funções do Estado”, afirmou o deputado socialista, que no entanto, não reafirmou a intenção de não participar como tem feito o líder parlamentar Carlos Zorrinho.

Com uma posição mais clara no que diz respeito à participação na comissão, BE, PCP e PEV recusam integrar o grupo de trabalho por considerarem que o Governo já tem as decisões tomadas sobre os cortes de quatro mil milhões de euros e que a comissão parlamentar não passa de uma encenação. “É em bom português, é uma fantochada”, afirmou Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP.

Pelo BE, Pedro Filipe Soares, líder da bancada, sustentou que a maioria “quer é fazer teatro, fazer de conta”. “O BE não entra para figurar nesta peça”, disse Pedro Filipe Soares.

A deputada Heloísa Apolónia, do PEV, dirigiu-se a Teresa Leal Coelho, vice-presidente da bancada do PSD, que anteriormente tinha convidado toda a oposição a fazer parte da comissão. “Não sei se agradeça o convite à senhora deputada ou a Marques Mendes”, disse a deputada de Os Verdes, referindo-se ao facto de ter sido o ex-líder do PSD e comentador televisivo a anunciar a comissão, na semana passada.

João Almeida, vice-presidente da bancada do CDS, registou a mudança de posição do PS, e lembrou que as sugestões dos socialistas para debater a reforma do Estado no âmbito parlamentar foram incorporadas na proposta da maioria.