Nuno Santos demitiu-se porque perdeu a confiança na administração

“Quem perdeu a confiança no presidente do Conselho de Administração fui eu", disse Nuno Santos na AR.

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Nuno Santos deu explicações no Parlamento

O ex-director de Informação da RTP decidiu pedir a demissão na sequência da polémica com as imagens dos confrontos policiais porque perdeu a “confiança” na administração liderada por Alberto da Ponte.

 

Nuno Santos justificava assim o pedido de demissão de director de Informação da RTP, que apresentou no dia 21, depois de questionado pelos deputados da comissão parlamentar de Ética, onde esteve a ser ouvido durante duas horas na manhã desta quarta-feira.

A administração afirmava, nesse dia 21, em comunicado, que a relação de confiança entre si e o director de Informação se quebrara depois de ter sido conhecido que elementos da PSP entraram nas instalações da empresa para visualizarem imagens captadas pelos repórteres da estação.

“Quem perdeu a confiança no presidente do conselho de administração fui eu. Eu não trabalho com aquelas pessoas. Não posso, enquanto responsável editorial, trabalhar com alguém que, perante um caso tão grave, escolhe não ouvir os factos”, argumentou Nuno Santos.

O ex-director contou que entrou na sala de Alberto da Ponte, falou com ele dois ou três minutos – “não é um homem de muitas palavras nem de muita fluência” – e foi “logo ali alvo de um julgamento sumário”.

“Afinal, sou um quadro tão importante e sou logo ali executado sumariamente a tiro?!”, questionou Nuno Santos no Parlamento, onde também contradisse algumas declarações deixadas pelo presidente na mesma comissão, na tarde de terça-feira. “Não fiz, em nenhum momento, a sugestão para que se pusesse uma pedra sobre o assunto [Alberto da Ponte dissera que Santos lhe sugerira “pôr uma tábua no assunto porque se iria abrir uma caixa de Pandora” com o caso]. O que fiz foi chamar a atenção para a especial responsabilidade social da RTP”, adiantou.

Nuno Santos contou ainda que Alberto da Ponte tem utilizado sempre o mesmo discurso desde o início. A argumentação que usou naquela curta reunião do dia 21 é “a síntese do que está no comunicado” dessa noite, “o mesmo que está no sumário do inquérito interno” que culpa Nuno Santos e que depois aparece novamente “nos resultados desse inquérito”. Daí que o ex-director se queixe de que o caso estava, à partida, decidido para o “condenar”.

 

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