“Seguro revela uma insegurança patética”, diz Ferreira Leite

A social-democrata criticou também a ausência de capacidade do secretário-geral do PS para se unir a outros partidos e para tirar partido do desgaste do Governo.

Para a social-democrata Manuela Ferreira Leite, o líder do Partido Socialista tem revelado “uma insegurança patética” ao demonstrar a ambição “minimalista” de “ter como maior objectivo ganhar terreno com as eleições autárquicas” — numa altura em que o Governo já está muito desgastado e em que os socialistas partem, por isso, em vantagem.

Ferreira Leite, que falava na quinta-feira à noite no seu programa de comentário na TVI24, defendeu que “se espera, portanto, que o maior partido da oposição de alguma forma retire benefícios eleitorais desse facto”, referindo-se ao desgaste do Executivo de Passos Coelho

.

“Quando o maior partido da oposição vai às primeiras eleições num momento em que, evidentemente, os partidos do Governo sofrem desgaste, em que se espera, portanto, que o maior partido da oposição de alguma forma retire benefícios eleitorais desse facto e o seu objectivo é o mínimo que é susceptível de se obter, é uma insegurança muito grande. Porquê? Porque é inseguro. Revela uma insegurança um bocadinho patética”, considerou a antiga ministra das Finanças, criticando ainda a ausência de capacidade de Seguro para se unir a outros partidos.

Também sobre o secretário-geral do PS, Ferreira Leite disse considerar inaceitável que a oposição, em especial Seguro, não esteja a colaborar nas negociações com a troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), num momento crucial para o país.

“A verdade é que, neste momento, a imagem é a de que o Governo está a negociar com a troika e é verdadeiramente inaceitável que o Partido Socialista não se una a todas as forças políticas deste país, não considerando aquelas que não assinaram o acordo. Acho que é verdadeiramente inacreditável. Tenho até dificuldade em compreender como é que um candidato a primeiro-ministro não se senta com os outros a defender um objectivo importante para o país. Admito perfeitamente que não concorde com os meios, mas também não os tem discutido muito”, criticou a comentadora.

“Está toda a gente a falar de mais”

Por outro lado, a antiga ministra concordou com Jorge Moreira da Silva e corroborou as críticas aos que também falam demasiado durante as visitas da troika — numa referência às observações do porta-voz do PSD, Marco António Costa, e do ministro da Economia, Pires de Lima.

“Se calhar está toda a gente a falar de mais. Durante uma negociação seria bom que houvesse alguma reserva. Um murro na mesa não tem de ser público. Duvido que seja um bom caminho que isso seja feito publicamente. A verdade é que, publicamente ou não publicamente, o Governo está a negociar com a troika”, reiterou.

Ainda no mesmo programa, referindo-se ao tema do défice, Ferreira Leite não descartou que das negociações com a troika ainda possa sair um acordo quanto à flexibilização das metas, justificando que “não é exequível uma meta de 4% para 2014 e a troika sabe disso”.

Sugerir correcção
Comentar