Director do Colégio Militar pede mais pessoal e urgência nas obras para acolher ensino misto

Ministro da Defesa promete obra de 2,5 milhões para internato mas não dá prazo para conclusão.

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Fusão de Colégio Militar com Instituto de Odivelas defendida por Aguiar-Branco é contestada por diversas personalidades PEDRO CUNHA

O director do Colégio Militar pediu esta sexta-feira ao ministro da Defesa que ajude a resolver os problemas de falta de pessoal auxiliar e de vigilantes, assim como a ausência de infra-estruturas específicas para meninas como o internato e balneários, criados com a introdução, em Setembro passado, do ensino misto naquele estabelecimento militar.

José Pedro Aguiar-Branco visitou o Colégio Militar para assinalar os 211 anos da instituição e para contrariar a mensagem de que o Governo pretende acabar com aquela escola, como chegou a ser veiculado – “Queremos dar-lhe perenidade”, disse várias vezes. O ministro argumentou que a reforma dos estabelecimentos de ensino militares foi decidida com base num estudo de um grupo de trabalho liderado pelo antigo ministro da Educação Marçal Grilo.

“Não foi uma reforma pontual ou ditada pela lógica da circunstância; foi uma reforma estruturada e ela está a ser implementada”, afirmou, no final, aos jornalistas. Antes, perante as patentes militares e depois de uma apresentação do director do colégio, Aguiar-Branco defendera a necessidade de ter um colégio adaptado às novas realidades, ao serviço da comunidade, que não seja residual, que fomente os princípios da disciplina, da regra e da estratégia, promova a igualdade de oportunidades.

“Só quem tiver uma mentalidade muito afunilada não vê isto”, afirmou, explorando depois o argumento da actual situação financeira: as três escolas (Pupilos do Exército, Colégio Militar e Instituto de Odivelas) estavam “sub-ocupadas e com um défice orçamental global na ordem dos 14 milhões de euros”.

As propinas somam uma receita de três milhões de euros ao passo que as despesas ascendem aos 17 milhões, especificou Aguiar-Branco. “A fusão do Instituto de Odivelas e do Colégio Militar irá permitir, a prazo, ter maior racionalidade económica” – mas não quis dizer de quanto. “Daqui a uns anos vai questionar-se porque não se fez mais cedo, de forma menos dolorosa e com mais benefícios.”

Não dando um prazo para a conclusão das obras do edifício para o internato das meninas que agora têm que fazer diariamente o caminho desde Odivelas, Aguiar-Branco disse que o processo está na fase do concurso e que o orçamento é de 2,5 milhões de euros – que serão conseguidos nas poupanças da fusão num prazo de ano e meio a dois anos, calculou. Mas o director do colégio, o coronel de Infantaria José António Feliciano, pedira mais. “Não podemos descer o nível dos recursos e aumentar o nível de alunos”, avisou, salientando que com o ensino misto, a introdução do primeiro ciclo e a faceta de externato, a instituição “passou a ser mais escrutinada pelos pais”.

No entanto, sobre o reforço de pessoal auxiliar e de vigilantes – necessário por causa da chegada das meninas e da introdução do primeiro ciclo e do regime de externato no colégio – o ministro nada disse. E fez o mesmo sobre o pedido de construção de um pavilhão gimnodesportivo e à pergunta sobre o destino do imóvel do colégio de Odivelas.

O Colégio Militar tem este ano lectivo 354 alunos e 47 alunas e o director tem como objectivo manter o efectivo médio nos 500 alunos pelo menos até 2016 – ainda que acredite “num colégio maior, com 600 a 800 alunos”, para reforçar a “massa crítica da instituição” -, mas também melhorar a posição no ranking dos resultados das escolas. A principal preocupação de hoje, admite José António Feliciano, é “vencer a resistência à mudança” que foi a introdução do ensino misto.

Para comemorar 211º aniversário, os alunos do Colégio Militar fazem um desfile na Avenida da Liberdade no domingo.
 

   





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