Direcção nacional do PS recusa lista de Coimbra e inclui Rosário Gama

Ministério Público quer constituir o deputado Rui Duarte, número três da lista, arguido pelo “crime continuado de falsificação de documentos”. Em Lisboa Costa recupera Roseta e João Soares.

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Rosário Gama Adriano Miranda

Maria do Rosário Gama deverá ser candidata do PS à Assembleia da República pela lista de Coimbra, a convite do secretário-geral, António Costa, que vai recusar a lista proposta pela distrital e gostaria também de ver ai nomes ligados ao sector da saúde.

O líder do PS tenciona acabar com o paraquedismo e faz voltar à lista de Lisboa João Soares, ex-presidente da Câmara de Lisboa, e Miranda Calha, antigo secretário de Estado da Defesa. À lista da capital deverá regressar também Helena Roseta, presidente da Assembleia Municipal, por decisão de Costa que quer que esta lista obedeça aos critérios de paridade de género e de idade.

A mexida final nas listas deverá ser feita esta segunda-feira à noite na Comissão Política Nacional (CPN). Também mexidas deverão ser as listas de Santarém e de Viana do Castelo, pelo facto de estas “não cumprirem” os critérios definidos e aprovados pela CPN. De acordo com as informações do PÚBLICO, o número de antigos apoiantes de Seguro terão mesmo mais peso no novo grupo parlamentar do que tinham. Para isso, há listas que terão de ser corrigidas pontualmente. É o caso de Viana, que excluiu todos os apoiantes de Costa, e de Castelo Branco que excluiu os de Seguro.

“A direcção do PS está muito irritada por a lista de Coimbra não corresponder a esforço de abertura, renovação e qualificação que seguiu nos cabeças de lista e ser paradigma do pior aparelhismo”, afirma um dirigente socialista ao PÚBLICO. “A lista de Coimbra é inaceitável e, manifestamente, não cumpre os critérios aprovados pela Comissão Política Nacional”, declarou ao PÚBLICO outro membro da direcção, referindo que o número três da lista por Coimbra, Rui Duarte, pode vir a ser julgado pelo “crime continuado de falsificação de documentos”.

No dia 1 de Julho, a Comarca de Coimbra enviou à presidente da Assembleia da República um pedido de levantamento da imunidade parlamentar do deputado socialista Rui Duarte, que o Ministério Público quer constituir arguido e ouvi-lo nessa qualidade pelo “crime continuado de falsificação de documentos”, relacionado com a inscrição fraudulenta de militantes no partido.

O Departamento de Investigação e Acção Penal de Coimbra pode vir a imputar a Rui Duarte a autoria do crime por que está indiciado.

Sucede que, na última reunião da CPN do PS, o secretário-geral do partido, António Costa, disse que seria aprovado um código de ética, documento que terá de ser subscrito por todos os candidatos a deputados, no qual assumem não ter questões em aberto nem em relação ao sistema fiscal, nem com a Segurança Social ou com a Justiça.

“Os portugueses exigem garantias acrescidas de credibilidade por parte dos agentes políticos”, disse o líder socialista ao ser questionado pelos jornalistas sobre as razões deste documento, que está a ser ultimado e que conta com os contributos de Jorge Lacão, Pedro Delgado Alves, Vitalino Canas e José Magalhães.

Encabeçada pela professora universitária Helena Freitas (uma escolha pessoal do secretário-geral), a lista foi aprovada na sexta-feira à noite e a federação de Coimbra indicou como candidatos a deputados, em lugares elegíveis, o presidente da estrutura, Pedro Coimbra, o deputado Rui Duarte, a gestora Cristina de Jesus e o ex-presidente da Câmara de Soure João Gouveia (antigo militante do PSD).

Segundo um membro da direcção nacional, esta lista tem uma particularidade, apresentando nos lugares elegíveis três candidatos que têm relações familiares: Pedro Coimbra, Cristina de Jesus e João Gouveia, sogro do líder federativo. O PÚBLICO tentou confirmar  esta informação junto de Pedro Coimbra, também ele deputado, mas o número dois da lista mostrou-se sempre indisponível para qualquer contacto, não devolvendo as chamadas telefónicas nem respondendo às mensagens via telemóvel.

As listas das federações estão sob análise da direcção nacional e, ao que o PÚBLICO apurou, o que se discute na véspera da aprovação final do processo de escolha de deputados é se se propõem alterações de fundo ou se fazem mexidas cirúrgicas, mas a convicção que existe junto de dirigentes nacionais é que as listas vão ser alteradas se não houver, como disse um membro da direcção nacional, um “lampejo de bom senso”.

Viseu não escapou à confusão, mas os critérios definidos pelo partido foram respeitados e a lista reflecte um equilíbrio entre seguristas e costistas. O presidente da distrital, António Borges, apoiante de António José Seguro nas eleições primárias de Setembro, afastou o deputado Acácio Pinto (que esteve com o actual líder na disputa interna), substituindo-o por José Rui Cruz, que já foi deputado. José Junqueiro, cabeça de lista pelo distrito em anteriores eleições, recusou integrar a candidatura depois de Costa ter escolhido Manuela Leitão Marques para número um.

Porto e Lisboa reúnem-se esta segunda-feira para fechar as listas. Ao fim da tarde de domingo, o líder do PS-Porto, José Luís Carneiro, Manuel Pizarro, Renato Sampaio e Mário de Almeida reuniram-se em Vila do Conde para preparar a reunião da distrital da noite desta segunda-feira, que se prevê bastante difícil para acolher todas as sensibilidades.

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