Costa acusa PSD de ser adversário do Estado Social

Líder do PS responde a Passos Coelho

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Costa esteve reunido com os autarcas do distrito de Viana do Castelo Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral do PS, António Costa, afirmou esta quinta-feira à agência Lusa que a “situação de caos” nas urgências médicas constitui a prova de que o PSD rompeu o “consenso nacional”, colocando-se como um adversário do Estado social.

Esta posição foi assumida pelo líder socialista, depois de o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, ter afirmado na quarta-feira à noite que "acabou com o mito de que apenas certos sectores políticos conseguem dar expressão à preocupação com o Estado social, que estava em ruptura há três anos e meio, mas que está hoje fortalecido, com menos dívidas, seja na saúde, na área social e, ao mesmo tempo, com mais vitalidade, mais rigor e mais exigência do que existia".

Na resposta a Pedro Passos Coelho, o secretário-geral do PS começou por observar que "ninguém deseja ter exclusivo da defesa do Estado social".

No entanto, Costa considerou que "o caos nas urgências é, infelizmente, a prova de que o actual PSD rompeu o consenso nacional e que se colocou como adversário do Estado social".

"Mas é também um dramático exemplo dos erros da estratégia de consolidação seguida pelo Governo", criticou o secretário-geral do PS.

Neste contexto, na próxima sexta-feira, pelas 09h30 horas, o líder socialista recebe na sede nacional do PS os bastonários da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, e dos Enfermeiros, Germano Couto, numa audiência conjunto em que serão debatidos os problemas do sector.

Nas últimas duas semanas, o PS tem aumentado as suas críticas à política de saúde do Governo, sobretudo na sequência de casos de mortalidade ocorridos em alguns serviços de urgência.

Na quarta-feira, o PS requereu a presença do ministro da Saúde, Paulo Macedo, no parlamento, mas a maioria PSD/CDS reprovou esse pedido.

Porém, através de um requerimento potestativo (com carácter obrigatório) apresentado pelo PCP também na quarta-feira, o ministro Paulo Macedo comparecerá em breve perante a Comissão Parlamentar de Saúde.

No âmbito das jornadas “Consolidação, crescimento e coesão”, que decorreram em Lisboa, o líder do PSD defendeu que o Estado social “está hoje fortalecido, com menos dívidas, seja na saúde, na área social e, ao mesmo tempo com mais vitalidade e rigor”. 

O chefe do Governo afirmou que isso se deveu "a uma progressiva mudança de mentalidades, quer no sector público, quer no privado" e deixou várias referências implícitas a anteriores governos do PS.

"Não usámos o poder do Estado para lançar anátemas sobre profissões, corporações e sobre os portugueses, conseguimos sempre distinguir os mais ambiciosos dos que foram conquistando privilégios ao longo dos anos, essa foi uma mudança sentida pela generalidade das pessoas", disse.

No mesmo sentido, Passos referiu que "há mais investimento sem subsidiodependência", "procedimentos mais transparentes" no funcionamento do Estado e uma economia com empresas "mais produtivas" e que não vivem "da cumplicidade das amizades políticas" ou "das influências com o Governo".

O presidente do PSD defendeu que é preciso "continuar a estimular a poupança" e que o novo Banco de Fomento (Instituição Financeira de Desenvolvimento) será importante para "melhorar o perfil de capital das empresas" e na utilização dos fundos europeus nos próximos sete anos.

Na sua intervenção, Pedro Passos Coelho abordou a maior flexibilização da Comissão Europeia no que respeita ao investimento, de que Portugal poderá beneficiar por já não estar sob procedimento por défice excessivo, para criticar implicitamente o PS.

"Aqueles que não querem ter as dores de ter menos de 3% de défice, gostariam que pudéssemos ter toda a flexibilidade do mundo sem nunca ter a responsabilidade para a poder utilizar. A coerência vale muito", concluiu Passos Coelho.

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