Conselho Nacional do CDS aprova coligação e defende que PS "não merece" governar

Telmo Correia insiste que maioria prefere apoiar candidato presidencial após legislativas.

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Anacoreta Correia avisa que "tem de haver uma preocupação grande ao nível social" Enric Vives-Rubio

O Conselho Nacional do CDS aprovou na madrugada desta quinta-feira a coligação com o PSD, com 134 votos a favor e uma abstenção. O presidente, Telmo Correio, vincou que a coligação pretende ser "uma solução de governação maioritária para os próximos quatros anos", até porque o PS "não merece" ser Governo.

Telmo Correia considerou que foi uma votação "indiscutivelmente muito expressiva" (a única abstenção foi de Miguel Alvim) e sublinhou que é "um projecto de convicção" que quer dar "ao país e aos portugueses" uma "solução de governação maioritária para os próximos quatro anos".

Admitindo que Portugal "precisará ainda de sarar feridas do processo de ajustamento", defendeu que nos próximos quatro anos se abrirá um ciclo "completamente diferente". Porém, para que esse "novo" ciclo de "crescimento" seja "uma realidade", é preciso que o PS não vença: "O PS não merece essa governação, porque, além do mais, nunca fez uma rectificação em relação aos erros que cometeu no passado e que conduziram o país à bancarrota."

Sobre o facto de num dos pontos do acordo apresentado aos militantes, PSD e CDS falarem agora em apoiar um candidato comum às presidenciais "preferencialmente" após as legislativas, Telmo Correia escusou-se a confirmar se tal significa acelerar o tempo das presidenciais. Mesmo admitindo que não tem o dom de adivinhar o "futuro dos calendários políticos", o presidente do Conselho Nacional disse apenas que a "preferência" dos dois partidos é que as presidenciais sejam debatidas após as legislativas, que são a "prioridade".

Telmo Correia afirmou ainda que "a expectativa do CDS e da coligação é obviamente a de ganhar mandatos e lugares, não de os perder", e vincou que o critério estabelecido nas negociações para a coligação teve por base os resultados das últimas eleições. "Não existe, que eu conheça, falo só como presidente do Conselho Nacional, nenhuma reivindicação nesse mesmo sentido [relativa a cabeças-de-lista]." E acrescentou: "Se nesses resultados [de 2011], o CDS não foi o primeiro em nenhum círculo eleitoral, essa reivindicação não existe."

O também deputado centrista apelou "à mobilização do CDS de Norte a Sul para a participação na coligação", numa "lógica optimista": "Na convicção de que poderemos oferecer aos portugueses esses quatro anos de uma nova maioria, estável", disse.

Vozes críticas
Menos confiante numa maioria está Anacoreta Correia, da ala mais crítica do CDS: "Esperamos muito desta coligação, acreditamos que podemos ser vencedores, e temos esperança de que possamos ter uma maioria, embora isso hoje seja menos evidente", afirmou aos jornalistas, enquanto ainda decorria a reunião do Conselho Nacional.

"Acreditamos que, se a coligação tiver essa capacidade de abertura de se repensar, de não afastar quem é crítico, porque é crítico, porque exige, porque espera de mais de si, esta coligação tem um caminho largo pela frente. E acreditamos que pode ser uma coligação vencedora", acrescentou.

Apesar de corroborar

sec">o ataque que Nuno Melo já tinha feito à proposta dos socialistas, considerando que é "muito negativa para o país", Anacoreta Correia não deixa também de apontar falhas à coligação: "Alguns militantes, nos quais me incluo, percebemos que, para este projecto de coligação ser realmente vencedor, tem de ser mais do que um acordo de poder, tem de ser um acordo de política."

Segundo Anacoreta Correia, se os partidos da coligação "tiverem uma atitude meramente defensiva, procurando justificar o trabalho no governo", o resultado pode não ser o esperado: "Terão o apoio de grande parte da população, mas muitos cidadãos, embora reconhecendo que a proposta do PS é inconsistente, é má para o país, também não têm ainda suficiente confiança na proposta da coligação."

Para Anacoreta Correia, "é inevitável" que a maioria faça "uma avaliação de que muitas coisas não correram bem na coligação e que podem correr melhor": "É preciso ter esse discernimento." Em causa estão, entre outros, "aspectos da condução da coligação, da coesão" e "das políticas que têm de ser implementadas".

"Tem de haver uma preocupação grande ao nível social e tem de haver também uma grande abertura para se repensar o próprio Estado, conforme foi o propósito desta coligação, para ser possível a aspiração de baixar os impostos e a carga que existe hoje nas famílias e nas empresas", defendeu.

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