Congressistas propõem Lajes como base avançada da AFRICOM

Speaker da Câmara dos Representantes - que vai decidir se a proposta avança para votação - estará esta quinta-feira em Lisboa. Projecto defende transferência de quinhentos fuzileiros actualmente aquartelados em Espanha, além do equipamento aéreo, terrestre e logístico destinado às missões militares dos EUA em África

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Portugal e EUA reúnem-se para falar das Lajes Miguel Madeira

Um grupo de 40 congressistas norte-americanos entregou na semana passada em Washington uma proposta para transferir, para a ilha Terceira, no Açores, parte da estrutura militar da AFRICOM.

A proposta ainda não foi a votação mas ainda assim representaria, caso fosse adoptada, uma solução para o problema criado há dois anos, pela redução de efectivos militares dos EUA na Base das Lajes.

O projecto defende o regresso do quartel-general do AFRICOM – comando militar das Forças Armadas norte-americanas destacadas para operar no continente africano – aos Estados Unidos da América, invocando ganhos orçamentais e criação de emprego interno. Mas defende ainda a transferência da Base das Lajes para a estrutura da AFRICOM e que depois  se “venha a localizar” na Base das Lajes os “activos permanentes, incluindo activos aéreos, terrestres, operações especiais e logísticos” desse comando militar. Fazendo assim da base açoriana a “base avançada e plataforma logística” do AFRICOM.

A proposta avança ainda com a proposta de “deslocalizar” para as Lajes a Força de Reação Rápida, actualmente instalada na base espanhola de Moron. Que é composta por cenca de 500 fuzileiros americanos.

Os congressistas argumentam a favor da mudança que Moron não tem as condições ideais para acolher aquela força. “A Moron faltam as infra-estruturas para albergar, treinar e equipar as tropas, bem como instalações para realizar exrecícios navais e terrestres”

Contactado pelo PÚBLICO, o luso descendente Francisco Semião, que preside à National Organization of Portuguese Americans, classificou a proposta como “lógica” dada a proximidade dos Açores ao continente africano e aos EUA. Mas assumiu ter algumas reticências em relação à possibilidade da proposta vir a ser aprovada. “Não é uma proposta bi-partidária, dos 40 proponentes apenas 5 são democratas”, alertou. Caberá a John Boehner, presidente da Câmara dos Representantes, decidir se a proposta avança ou não. O mesmo Boehner que janta esta quinta-feira, em Lisboa, com os ministros dos Negócios Estrangeiros, da Defesa e com o presidente do Governo regional, Vasco Cordeiro. 

De acordo com a agência Lusa, o Governo reagiu à iniciativa com cautela. “O Governo está ainda a analisar o projecto de texto legislativo apresentado por um grupo de 40 congressistas, denominado “Africa Counter Terrorism Initiative Act” e as suas potenciais implicações para as Lajes”, assumiu um responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Esse mesmo responsável salientou depois que, nos contactos com as autoridades norte-americanas, o Executivo português “mostrou sempre abertura para analisar todas as soluções passíveis de contribuírem para a manutenção da densidade da presença norte-americana nas Lajes” e para a relação estratégica entre os dois países.

Quem se congratulou foi o presidente do Governo regional dos Açores. Vasco Cordeiro sublinhou que é "indesmentível" que a proposta reconhece o "valor geoestratégico" que a posição dos Açores e, especificamente, da base das Lajes tem para os EUA.

Este reconhecimento é um “sinal político” importante, considerou Vasco Cordeiro, ressalvando que a iniciativa "tem agora um caminho a percorrer" até ter, eventualmente, algum resultado. 

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