“Aliança política-negócios não acabará” com Marcelo, Belém ou Nóvoa, diz Neto

O candidato presidencial Henrique Neto falou de um “fenómeno de corrupção profunda” relacionada com a “mediocridade dos gestores políticos” e lembrou as ligações partídárias dos três adversários mais fortes.

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Henrique Neto critica "candidaturas políticas", por constrangerem candidatos a actuarem de forma semelhante aos partidos. Pedro Cunha

Henrique Neto chamou esta segunda-feira os jornalistas para falar da destruição da riqueza em Portugal nos últimos 20 anos, mas acabou por criticar os seus três adversários mais fortes à Presidência da República.

O socialista começou por ligar o “rol de esbanjamento” do país ao “enriquecimento de pessoas ligadas ao sistema político”, apontando dedos à “mediocridade dos gestores políticos” dos partidos, tanto à esquerda como à direita.

Foi o ex-deputado socialista Joaquim Ventura Leite que deu o mote para a conferência desta segunda-feira de Henrique Neto, com um estudo sobre o “desperdício de riqueza portuguesa de 150 mil a 200 mil milhões de euros” ao longo dos últimos 20 anos.

O economista argumentava que “Portugal terá destruído, desperdiçado ou aplicado mal” o equivalente a “250-300 pontes Vasco da Gama” no colapso de bancos como o BPN, BPP, BES, nas “vendas de empresas públicas, aventuras ruinosas no estrangeiro de empresas como a Caixa Geral de Depósitos, EDP, as contrapartidas perdidas nas aquisições militares, o incentivo ao imobiliário e à construção civil descontroladas” ou nas “ruinosas PPP [Parcerias Público-Privadas]”.

Henrique Neto lamentou o “roubo, fraude e má aplicação dos recursos” que aconteceu por causa de uma classe dirigente que não era “competente ou minimamente honesta” e considerou que Portugal tem sido governado por “uma coligação cada vez mais forte entre a política e os negócios”.

"Por outro lado, por omissão e por comodismo, os portugueses também têm uma quota-parte de responsabilidade nesta situação, pois aproveitaram tudo sem se questionar sobre o futuro e sem questionar os políticos", continuou o antigo deputado do PS.

O empresário de 79 anos afirmou que a escolha do próximo Presidente da República é “o teste ao desejo real dos portugueses quanto a uma mudança política séria” no país, mas não vê as candidaturas “resultantes dos partidos que levaram Portugal a esta situação – as candidaturas de Marcelo Rebelo de Sousa, Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém” – a terem capacidade de actuarem de forma “muito diferente da dos partidos que os apoiam”.

"Pode acontecer que seja novamente um agente ao serviço da continuidade da coligação da política com os negócios que venha a ocupar o cargo de Presidente da República, por mais que alguns candidatos o tentem disfarçar", reflectiu Henrique Neto.

O PÚBLICO contactou as três candidaturas visadas por Henrique Neto, que optaram por não responder ao militante socialista.

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