Albuquerque insiste na antecipação do congresso, apesar de ameaça de expulsão

Direcção regional do partido não quis antecipar eleições internas. Mas ex-autarca que se candidatou contra Jardim nas últimas eleições para a liderança do PSD/Madeira não desiste.

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Albuquerque concorreu contra Jardim DR

Miguel Albuquerque está a recolher as 300 assinaturas necessárias para convocar um congresso extraordinário do PSD que deverá antecipar a saída de Alberto João Jardim e a eleição do seu sucessor.

“Se não houver mudança célere que crie uma nova esperança na população, o PSD vai perder as próximas eleições regionais”, adverte Albuquerque. Em declarações ao PUBLICO, o ex-presidente da câmara do Funchal sustenta que “a antecipação do congresso electivo interessa ao PSD”, acrescentando quanto mais tempo Jardim se mantiver na liderança dos sociais-democratas madeirenses, “maior será o desgaste”.

Em frontal discordância com a decisão tomada sábado pelo conselho regional dos sociais-democratas que, satisfazendo o desejo de Jardim, manteve as datas das próximas eleições internas a 19 de Dezembro de 2014 e do congresso a 10 de Janeiro seguinte, o antigo autarca lembra que aquele órgão “não é eleito pelo princípio da proporcionalidade e, por isso, não reflecte a totalidade e pluralidade de opiniões do partido”, onde é crescente o número de militantes a defenderem a antecipação do congresso.

Nas últimas eleições directas para a liderança do PSD, realizadas há um ano e em que pela primeira vez em 35 anos Jardim teve um adversário, Albuquerque propôs uma alteração estatutária para que a composição dos órgãos colegiais do partido fosse determinada pelo método de Hondt, como sucedeu no PSD a nível nacional e nos Açores. Apesar de ter obtido 49% dos votos, contra 51% de Jardim, a candidatura de Albuquerque não tem nenhum representante em tais órgãos que são constituídos exclusivamente por elementos da lista vencedora por escassa margem.

Com uma ameaça de expulsão dirigida a Albuquerque, o conselho regional, reiterando idêntica posição publicamente expressa por Jardim, considera que o PSD/Madeira tem de impor “disciplina democrática interna, eliminando-se os focos de divisionismo e de exibicionismo” que “flagelam o partido de há um ano para cá, agora com graves repercussões eleitorais”. Nas últimas autárquicas o PSD perdeu sete das 11 câmaras com que dominava todo o poder local no arquipélago.

Dizendo não temer a ameaça por alegado divisionismo, Albuquerque vai insistir na antecipação do congresso, também defendida por Miguel de Sousa no conselho de sábado, em que Guilherme Silva ficou isolado ao pedir a Jardim que se recandidate. “De acordo com os estatutos em vigor, os militantes podem requerer em qualquer altura um congresso electivo extraordinário. Nem o líder nem o conselho regional podem expulsar militantes que exercem direitos estatutários”, conclui o ex-presidente da câmara da Funchal. 

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