A reforma do euro, o ataque aos eurocépticos e a Europa da modernidade que arruinou o país

Candidatos do MPT, PDA, MRPP, PPV e PS têm ideias muito diferentes para a Europa. E fazem escassos apelos ao voto.

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Enric Vives-Rubio

Foram, na verdade, quatro intervenções iniciais em separado. Alinhados num palco improvisado, os candidatos Vítor Matias pelo MPT, Manuel Matias pelo PPV, Diogo Leão pelo PS, Paulo Casaca pelo PDA e Luís Júdice pelo PCTP/MRPP, apresentaram diagnósticos do estado a que chegou a Europa, com algumas soluções no horizonte.

Vítor Matias, o sétimo suplente da lista do MPT encabeçada por Marinho e Pinto, nunca tocou no nome do ex-bastonário da Ordem dos Advogados. Referiu a indústria pesqueira para valorizar a nossa “costa atlântica” e sugeriu uma taxação idêntica às empresas por toda a União Europeia. “Pode haver uma certa austeridade, um certo controlo”, disse, mas que “não penalize demasiado” empresas e consumidores.

O microfone passou então para Manuel Matias, o terceiro candidato do PPV que quer explicar que o partido é muito maior do que a questão do aborto. Matias, que foi “abordado por vários partidos políticos e disse sempre que não”, defende que é preciso trazer um “discurso novo à política”. E fazer perguntas: “A Europa tem sentido? Esta Europa que divide, que marginaliza, com esta política de recessão?” O candidato aproveitou depois para tocar noutra questão sensível, a da imigração. Se considera que Portugal deve “acolher”, pensa que é mais importante “desenvolver” esses países para que não seja preciso emigrar.

Luís Júdice, o nome que se segue ao cabeça de lista Leopoldo Mesquita, do MRPP, foi mais duro a combater o projecto europeu. “Em 1986, dissemos uma coisa muito simples: Não era Portugal que ia entrar na CEE, era a CEE que ia entrar em Portugal”. Júdice tentou então convencer a plateia de que o MRPP teve razão. E deu como exemplo os “camiões de Vilar Formoso”, que chegam cheios e partem vazios. Num discurso todo embalado pela ironia da “modernidade da Europa”, o candidato defendeu a saída do euro.

O agora cabeça de lista pelo PDA e ex-eurodeputado do PS, Paulo Casaca, acredita que só com uma outra política económica e monetária é possível revitalizar o projecto europeu. Casaca falou do seu livro sobre a reforma do euro e aproveitou, aliás, a ocasião para oferecê-lo ao candidato do PS. O candidato, que esteve em Bruxelas até 2009, disse que os últimos cinco anos foram “anos perdidos” e tentou sensibilizar a plateia para “o bloco central que está a ser imposto por toda a Europa”.

Diogo Leão, o 15º da lista dos 21 socialistas ao Parlamento Europeu, tomaria então a palavra para defender uma participação activa nestas eleições, tentando convencer os universitários de que os números “assustadores” da abstenção não são uma fórmula eficaz para revelar descontentamento. “A falta de emprego é a mãe e o pai de todos os problemas”, frisou, para definir o ataque aos “extremismos, ao terrorismo e ao eurocepticismo” como uma prioridade, a par da batalha contra o desemprego e contra a austeridade.

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