O rosto e as máscaras do Governo no BES

Que o Governo fala muitas vezes a duas ou mais vozes, já não é novidade. Mas agora, no caso BES, a duplicidade do Governo vai mais longe.

Temos o lado A, com a ministra das Finanças a repetir a afirmação de que não há qualquer interferência na gestão e administração do dossier BES e o primeiro-ministro a ofender-se com notícias sobre recados dados, a seu tempo, para o afastamento de Ricardo Salgado.

E temos o lado B, onde um sorridente Governo indica para o Banco de Portugal o seu antigo secretário de Estado Helder Rosalino e coloca na pasta da supervisão António Varela — que antes indicara, qual bombeiro de serviço, para o Banif aquando da entrada do Estado no capital do banco.

Onde um distraído Governo deixa ir para a administração do Novo Banco José Honório e Moreira Rato, ambos com ligações ao Executivo e ambos próximos de Ricardo Salgado. E onde, por fim, o Governo deixa claro, pela voz do ministro da Economia, que a estratégia a seguir no Novo Banco é a sua venda o mais depressa possível.

Qual plano de sustentabilidade, qual autonomia de gestão? O Governo dá indicações para a estratégia e para o supervisor. Está omnipresente no processo BES/GES e tão activo quanto lhe permite o seu espartilho liberal. Para já, apenas por trás das máscaras, ali, onde a mão se mantém invisível. Até ter que meter a mão na massa.

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