Cartas à Directora

Abril com algumas lágrimas

Temos de ser realistas: este Abril está trazendo muitas lágrimas aos nossos olhos e por mais que alguns, bem posicionados, nos queiram calar, as vozes de tristeza acompanham os olhos molhados.

Porque caem lágrimas? Porque tarda que a esperança de Abril se realize para quem pede trabalho, emprego e não subsídios. Por todos os bebés que não nascem porque os possíveis pais não têm estabilidade económica e estão sujeitos a horários desumanizados. Por todos os avós que não têm futuro para dar aos seus netos. Por todos os professores a quem lhes foi retirada a autoridade e impostas burocracias e horários alongados. Pelo fecho de serviços e escolas numa perspectiva economicista.

Pela falta de médicos, enfermeiros e pessoal especializado na assistência na doença. Pela desautorização das forças de segurança. Pela desertificação incentivada do interior. Pelo escândalo dos gastos de gestores; pelas mordomias concedidas a alguns cidadãos. Pelos que falam… falam e não fazem nada. Pelas manhãs sombrias que todos os dias estão a nascer… E, copiando o poeta, não perguntes por quem as lágrimas caem: elas caem por ti e por mim que pouco podemos fazer… Mas não desistas!

Maria Clotilde Moreira, Algés

Abril ficou no esquecimento

O 25 de abril. Mais um ano vai ser recordado, mas a sua verdadeira mensagem ficou no esquecimento, o sentido de liberdade foi esquecido por políticos mal intencionados que tratam o povo como números, nem defendem os seus direitos, apenas lutam pela ambição de poder, sem olharem a meios para o conseguir; continuam a prometer o que não podem cumprir, aplicam medidas de austeridade que estão a destruir a nossa economia, educação, justiça, saúde; os nossos jovens estão desmotivados, foram convidados a emigrar; a classe média está endividada, não consegue dar capacidade aos seus compromissos porque o desemprego é uma realidade que os faz depender da família, ou de instituições para comer.

O problema é que, de momento, estamos numa ditadura camuflada que já não passa despercebida, porque os ricos estão cada vez mais ricos e os pobres numa pobreza extrema que nem um novo 25 de abril conseguiria fazer renascer uma nova liberdade, um novo conceito de democracia, liderada pelo respeito, e sobretudo pela verdade, porque quem nos governa de momento esqueceu que quem os colocou no poder foi o povo e ele é quem mais ordena. 

Ana Santos, Vilar de Andorinho

Liberdade 2015

"Repara bem no que não digo" (Leminsky)

Por debaixo do teu nome há uma suspeita/ que se esconde como sombra perseguida/ que mal se levanta logo se deita./
Mesmo se corajosa e destemida/ é perseguida mal se levanta,/ e rasteja suspeita, agarrada à luta escondida e clandestina. /

Corajosa, traz por dentro a morte e a vida/ quando um Homem se ergue e grita/ o seu nome até fazer-se luz. Até apagar a sombra que se esconde/ por debaixo da negra e criminosa suspeita/ quando um Homem canta o seu nome/ e se faz Vida, luz, e grita — Liberdade!

Joaquim A. Moura, Penafiel

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