Cartas à Directora

Acreditar num final feliz…?

As propostas económicas recentemente apresentadas pelo PS provocam, no mínimo, muita discussão. Uma primeira curiosidade: a redução da TSU e consequente diminuição a prazo das pensões, não será uma promoção dos planos de reforma privados?

Na lógica de base está: o Estado cobra menos e distribui mais; havendo mais disponibilidade para gastar, o PIB sobe e compensa. Nas folhas de cálculo todos os números batem certo, mas eu gostaria ver essa suposição documentada em casos reais e concretos, de preferência numa economia pequena e aberta como a nossa. Onde se fez isso e qual o resultado? Por cá, já provamos essa receita, com vários molhos, e sem grande sucesso. Lembram-se das SCUT’s que se pagariam pelo crescimento económico induzido…?

O documento, cheio de boas intenções (ninguém é “contra” o crescimento), parece um manual de navegação, escrito por marinheiros de poltrona que nunca apanharam vento salgado na cara…. É também algo facioso: nos últimos 3 anos praticamente tudo correu mal; as poucas coisas positivas são consequência de acções anteriores. E as negativas… nada? O PS parece ignorar que o seu “modelo voluntarioso” deixou o barco encalhado e estas propostas soam demasiado próximas desses tempos.

O documento ignora o maior falhanço dos últimos anos: a não racionalização do aparelho do Estado. Enquanto essa verdadeira reforma de estruturas e mentalidades não for feita (não é certamente aquela coisa ridícula que o vice PM apresentou), continuaremos a mancar. E, qualquer que seja o plano, os fundos ou os meios… se os governantes forem incompetentes… não há mesmo solução!

Carlos J F Sampaio, Esposende

Geração 500 euros

A ”Geração 500 euros” está para durar! Segundo a Deco, o ordenado mínimo é o valor oferecido aos jovens acabados de sair da faculdade. Mesmo assim, o governo passista quer reduzir as contribuições para a Segurança Social das entidades empregadoras. O trabalho está caro, clama Coelho! Caro está o dinheiro para o comum dos trabalhadores portugueses. Em Espanha, o país que estava pelas ruas da amargura, perto de uma “guerra civil” oferece 800 euros de salário bruto médio! Afinal, de Espanha vêm bons ventos! Os portugueses é que escolheram mal o consorte! Tiago Gillot, dos Precários Inflexíveis afirma que "tem havido uma aproximação vertiginosa entre o salário médio e o mínimo”. Contudo, as sondagens aproximam a coligação PSD/CDS, ao PS de António Costa, elevando a máxima “quanto mais me bates mais gosto de ti! Os milhares de portugueses que abandonaram a pátria lusa à procura de empregos, o  número de desempregados e de idosos vivendo sós, os inúmeros casos de pedofilia e violência sexual, o  quádruplo homicídio na Póvoa de Varzim e os inúmeros episódios de violência doméstica contrariam a  tal coesão social que Cavaco Silva reclama! Uma coisa é certa. Quando Cavaco Silva se retirar vai ter direito a uma série de mordomias proporcionadas pela III República! O resto é conversa!

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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