Cartas à Directora

E tempo?

Dia Internacional da Mulher... Ainda a ler a edição do 25º aniversário do PÚBLICO. Ai, esta falta de tempo da mulher "moderna"... também para ler o jornal! "Parar um segundo no último dia de Junho" - lê-se a páginas tantas num PÚBLICO com tantas páginas, sem número, sem preço. A mulher não tem tempo para parar...

O Tempo, tema escolhido pelo PÚBLICO para celebrar o seu quarto de século, deu (dá) "pano para mangas". E foi muito bem tratado, bem apanhado por todos os que colaboraram neste número, não obstante nos fugir como areia entre os dedos.

Passei algum tempo tentando folhear o PÚBLICO como se sugeria, como se de um flipbook se tratasse, procurando perceber o sentido dos desenhos de Álvaro Siza no canto das primeiras páginas.

Gostei de saber da existência desse «zero» que os leitores “nunca viram”.

Fiquei a pensar nesse dia de que falou o físico Vítor Gomes, um dia que não teve ontem! Como será isso?

Precisávamos disso às vezes. De recomeçar do zero, de reprogramar o relógio como nos aprouvesse! Parece que no último dia de Junho ou primeiro de Julho se vai atrasar o relógio um segundo!. Que diferença faz, ao comum dos mortais, um segundo?

Talvez Pedro Machado, o restaurador de relógios antigos, no seu Lugar do Tempo, Campo de Ourique, não pense assim. Segundos, são segundos!

Segundo a mais ou a menos, parece-me que não faz diferença a Olga, essa mulher do Marco de Canaveses que vive numa pequena casa sem luz, sem água, noutro mundo, noutro tempo…

Nesta edição não foram esquecidos aqueles que já perderam a conta às horas vividas, quanto mais os anos, mais de cem…. - Que maravilha!

E o tempo do trabalho, claro. Sim, há que defender o descanso dos que trabalham. É urgente “um horário que permita o descanso diário, semanal e anual , a dignidade do trabalho e do trabalhador” – este é um grande desafio neste séc. XXI!

E há também um Novo Banco onde não há dinheiro, nem cheques, nem cartões de crédito ou débito. Que ideia genial, essa de se criar um Banco do Tempo! Trocar sem dinheiro! O futuro ?

E houve também o "Tempo do Leitor" (quem dera termos mais destas grandes páginas com opiniões de leitores) e o "Neste tempo todo" de MEC : “O presente é o tempo mais delicioso. Não dar por ele (…) é o maior prazer (…) estarmos tão embrulhados no agora (…) só o tédio é um desperdício”.

Um desperdício de tempo.

Faltou, talvez, por falta de espaço e de tempo, o tempo do Eclesiastes: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.”

Céu Mota, Sta Maria da Feira

 

Vinte e cinco anos a ler o Público

Vinte e cinco anos a ler o Público todos os dias autoriza-me a emitir uma opinião sobre o balanço que nesta altura dele faço: um jornal cheio de interesse quer em artigos de opinião, quer nas notícias sobre os acontecimentos diários. Um exemplo: ESCRITO NA PEDRA. Pensamentos de pensadores que os escreveram desde que há escrita, com milhares de anos, até à actualidade. Aí podemos ver que os valores morais que regem a sociedade são os mesmos desde sempre. Por acaso encontrei num lote de manuscritos de um meu familiar uma frase que ficava bem no "Escrito na Pedra". Ei-la: "O fanatismo tem sempre origem em mal compreendidos bons ensinamentos", Padre Henrique Gomes, teólogo, 1869-1917.

João Henrique Gomes Pimenta,  Porto

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