Cartas à Directora

Cantemos todos

Farto de tanta desafinação entre políticos, farto de ruidosos justiceiros travestidos de juízes que acusam qualquer um de "corrupto", recebi uma melodia para os meus ouvidos: três anos depois do fado, a UNESCO considerou o cante alentejano Património Cultural e Imaterial da Humanidade. O cante é um código genético alentejano, de uma região desprestigiada, esquecida pelos governantes, desertificada, mas amada e cantada nas tabernas de boa comida, nos campos bem cultivados e na labuta árdua das minas. Cantemos todos, em coro, pausadamente e saboreando a vida, porque é com orgulhos destes que ainda vale a pena ser português. 

Emanuel Caetano, Ermesinde

Partiram definitivamente

Infortunadamente, duas figuras incontornáveis da nossa memória colectiva e televisiva deixaram-nos definitivamente no curto espaço de dez dias.

O primeiro foi o consagrado meteorologista Anthímio de Azevedo, que faleceu em 17/11, com 88 anos, o qual ficará sempre recordado como um ícone dos boletins meteorológicos televisivos dos finais do século passado.
O segundo foi o engenheiro agrónomo Sousa Veloso, o apresentador de televisão que ficou célebre pela condução, apresentação e realização do programa semanal TV Rural, o programa que mais tempo esteve – 31 anos – nas pantalhas televisivas do país e da Europa.

Partiu a 27/11, também com 88 anos, e da sua longa vida televisiva, apresentando o referido programa rural, destaco um caricato e saboroso episódio quando, na Feira Nacional da Agricultura de Santarém, a dada altura anunciou: "Reparem, senhores telespectadores, neste avantajado bovino de raça charolesa." E, afinal, as imagens mostradas eram do então Presidente da República Américo Thomaz, que oficialmente também visitava a referida feira.
E, por hoje, "senhores telespectadores, despeço-me com amizade até ao próximo programa", em que novamente vos voltarei a escrever.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

Imagem manchada

Sendo Portugal um país pequeno e com uma economia débil, não são muitos os cidadãos que podem usufruir de altos rendimentos que lhes permitam ostentar um nível de vida que os possa ajudar a comprar apartamentos em Paris.

Mas este é o Estado de direito que ao longo de quase quatro décadas tem vindo a facilitar a alteração de normas legislativas, ou a introdução de outras, em benefício de alguns, o que também pode explicar os casos de corrupção que se têm sucedido em Portugal

A imagem da classe política neste país é pois uma imagem pouco credível, quando os cargos desempenhados são muitas vezes usados para a obtenção de favores e a prática de actos ilícitos, o que faz de Portugal um país de corruptos e corruptores que muitas vezes ficam impunes face a uma justiça lenta e pouco funcional.

Faz falta ao país que em sede governamental exista a coragem firme e transversal a todos os partidos de se trabalhar e aplicar legislação de combate à corrupção e penalizar os prevaricadores de forma exemplar. E talvez seja este o caminho a seguir para mudar a imagem de Portugal.

Américo Lourenço, Sines

 

                                                                                     


 

 

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