Cartas à Directora

Por obra e graça celestial

Por obra e graça celestial da cidade hollywoodense de Portugal – Lisboa –, o pelouro da Cultura de uma conhecida casa de família que bem geria os dinheiros alheios, disponibilizou – soubemos ontem [30/7] – a módica quantia de 3 577,3 milhões de euros para a rodagem de dois épicos filmes – O Monte Branco e o Rioforte, os quais, em versão genuinamente à portuguesa, ultrapassam de longe, tanto em esplendor como em gastos, os também consagrados O Monte dos Vendavais e o Rio Bravo. Portanto, logo que a caloraça do Verão termine, estes remakes do passado, agora numa versão tipo ‘ó mar salgado, quantas lágrimas conténs deste povo desgraçado e depenado’, os tansos de sempre e para todo o sempre poderão deliciarem-se em muitas sessões da ‘meia noite’, aonde o ruído do ranger de dentes ultrapassará o rilhar de pipocas e o sorver de limonada à americana.

José Amaral, Vila Nova de Gaia

 

A maldita onda

Dizem que foi a onda, a maldita onda que arrastou para a morte seis jovens naquela madrugada fatídica de Dezembro, na praia do Meco. Mas eu e outros que gostam de levantar vagas recusamo-nos a aceitar que jovens tão bem formados se tenham colocado em tais perigos, iludindo-se em praxes de universidades que mais parecem sociedades secretas. Até lá, até ao dia em que aqueles pais possam ter um esclarecimento satisfatório sobre o que aconteceu, espero que a consciência dos que sabem a verdade os atormente com bastante ondulação.

Emanuel Caetano, Ermesinde

 

Ai destino, ai destino

No despacho de arquivamento da investigação à Tragédia do Meco, o procurador  do Ministério público, Moreira da Silva, ao referir-se a  João Gouveia  diz que “colocou-se na mesma linha de areal  acabando por se submeter aos mesmos momentos dramáticos dos amigos e colegas, com a diferença de que o destino lhe permitiu o salvamento”. Na opinião do procurador  o destino salvou o Dux João. As esperanças alternativas ao destino são poucas para quem acredita na força da marcação antecipada. Seguindo o raciocínio do procurador o nosso destino está marcado. Não vale a pena os portugueses procurarem alternativas  á austeridade. O destino levar-nos-á à Troica. Os palestinianos têm o destino traçado? As mulheres portugueses assassinadas pelos  companheiros  tinham o destino traçado? O destino de milhares de portugueses é o desemprego? Qual será o destino do procurador Moreira da Silva? Tony Carreira brilha ao cantar: "Ai destino, ai destino/ ai destino que é o meu/ ai destino ai destino/ destino que Deus me deu…”

Ademar Costa, Póvoa de Varzim

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