Cartas à Directora

Há MAR

Surge um novo nome para o cenário pós-troika que irá baralhar ainda mais a dicotomia "saída limpa" vs "saída suja". Algo que não está imaculado mas também não está encardido, apenas salpicado pela espuma das ondas.

Adorava saber quem é que se reúne para nomear estes programas e estas soluções, a maior parte das vezes tendem a ser eufemismos, mas há outras nomenclaturas consoante quem as nomeia que são deveras agressivas, como o célebre PIGS.

Neste caso, os nomes fazem sempre relembrar os programas de apoio aos alcoólicos. A falácia de vivermos acima das nossas possibilidades está tão intrincada que cada programa parece ser sempre desenhado de maneira a ajudar alguém a vencer os seus vícios. Basta desta falsa moralização quando as escolhas são de teor político.

Marcelo Rebelo de Sousa introduziu o tema para testar as reacções – como quem põe só um pé na água para ter noção da temperatura – à possibilidade da saída da troika ser acompanhada por um Mecanismo de Acompanhamento Reforçado (MAR). Que nos é apresentado como uma "saída limpa", mas com controlo, algo entre a saída à irlandesa e o programa cautelar.

Esta solução implica um acompanhamento periódico trimestral e acautela a necessidade de podermos vir a recorrer ao crédito por parte do Mecanismo de Resgate Europeu, caso seja preciso.

Não havia quem clamasse por uma saída à portuguesa. Aí está ela: MAR.

“Uma visão atlântica e doce do programa cautelar.”

André Peixoto, Lisboa

 

Ah! Os Setenta!

Há muito que umas vozes muito incómodas começaram a alertar o Governo para a necessidade de estudar o problema da divida do nosso país e encontrar caminhos menos gravosos para a pagar. Foram apontados alguns caminhos. Claro, como de costume, o “poder” e seus amigos responderam que esse caminho era absurdo e foram esmagando os portugueses com a austeridade.

Também como sempre tem acontecido, os mais desfavorecidos estão na miséria, arrastando com eles a classe média, mas aumentando o valor das fortunas. É de todos conhecida a situação catastrófica em que nos encontramos, apesar de continuarem alguns a batalhar por outras alternativas e insistindo apesar de sempre chumbadas pelo poder. Em Junho de 2011 mais uma vez vozes incómodas apresentaram na Assembleia da República o Projecto de Resolução 4/XII-1.ª pela renegociação da divida pública e pelo desenvolvimento da produção nacional. Foi chumbada!

Mas agora, ah!, mas agora 70 ilustres da direita e da esquerda resolveram publicitar a necessidade urgente da tal renegociação. Agora que?!... Deixemo-nos de mais palavras e vamos agarrar esta força como diz o poeta: “Levanta-te, meu povo. Não é tarde... Quando o povo acorda, é sempre cedo”

Maria Clotilde Moreira, Algés

 

Explica-se a falta de acordos com a oposição

É interessante constatar que a recusa do primeiro-ministro em aceitar o proposto pelos 70 subscritores do manifesto para a reestruturação da dívida confirma o que já adivinhávamos: que ele não aceita qualquer acordo que não seja sobre o que ele propõe. Assim, entende-se o posicionamento do PS quando lhe é proposto um "acordo".

Ricardo Charters d'Azevedo, S. Pedro do Estoril

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

 

 

Sugerir correcção
Comentar