Está tudo pronto para a realização das provas de aferição digitais?
Cerca de 250 mil respondem, a partir desta terça-feira, a testes feitos no computador. Há dúvidas sobre a capacidade tecnológica das escolas e os efeitos pedagógicos nos mais novos.
Quando começam as provas de aferição digitais?
O calendário da aferição nas escolas já começou a 2 de Maio, com o início do período, e estendeu-se até à passada quinta-feira, em que podiam ser feitas as provas de Educação Artística e Educação Física pelos alunos do 2.º ano. Só agora começam as provas feitas exclusivamente em formato digital. As escolas podem também escolher entre esta terça-feira e o próximo dia 26 de Maio, para que os seus alunos do 8.º ano testem os conhecimentos em Tecnologias da Informação e Comunicação. O calendário das provas de aferição digitais estende-se até 20 de Junho, quando os alunos do 2.º ano fizerem a prova de Matemática e Estudo do Meio.
As provas contam para a nota dos alunos?
Não. Ao contrário dos exames finais – no 9.º ano e no ensino secundário –, as provas de aferição não têm efeitos nas classificações. Estes testes, realizados sensivelmente a meio de cada ciclo do ensino básico, têm o objectivo de dar informação às escolas e famílias sobre o nível de aprendizagem dos alunos, permitindo uma intervenção pedagógica em tempo útil.
Em lugar de uma nota quantitativa, as provas de aferição dão origem a relatórios individuais, enviados aos professores e famílias, bem como a relatórios de escola. O Ministério da Educação divulga anualmente uma análise global dos principais resultados destes testes.
Quantos alunos vão fazê-las?
As provas de aferição são realizadas pelos estudantes do 2.º, 5.º e 8.º anos, sendo universais e obrigatórias. Estão inscritos, neste ano lectivo, cerca de 250 mil alunos para a sua realização.
Está tudo pronto para a realização das provas em computador?
Nas escolas, teme-se que não. Os professores de informática alertaram na sexta-feira para as dificuldades de conseguir instalar em tempo útil no computador de todos os alunos a aplicação necessária para a realização das provas de aferição. "Dois dias úteis" foi o tempo dado às escolas para pôr em prática o "manual de instruções" para a realização das provas de aferição em formato digital, segundo a Associação Nacional de Professores de Informática.
As direcções também têm manifestado dúvidas sobre a capacidade de as redes de Internet que as servem aguentarem o esforço que vai implicar ter milhares de alunos ligados aos servidores do Ministério da Educação.
O presidente do Instituto de Avaliação Educativa (Iave), responsável pela concepção das provas, reconheceu que ainda não estão garantidas as "condições ideais" nas escolas para avançar com provas nacionais digitais, mas garantiu existirem planos alternativos caso algo falhe. Luís Pereira dos Santos entende que a transição digital "é uma inevitabilidade" e que era preciso aproveitar a "janela de oportunidades" conferida pelos 12 milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência, no qual se estabeleceu o objectivo de, em 2025, todas as provas e exames nacionais serem realizados em formato digital.
A comunidade escolar está de acordo com as provas?
É especialmente no 2.º ano que pais e professores lançam alertas sobre a eficácia das provas de aferição feitas no computador. Com sete ou oito anos, idade que tem a generalidade dos inscritos neste nível de ensino, os alunos são “demasiado novos” para realizar um teste em formato exclusivamente digital, defendem.
Essa obrigação tem levado alguns professores a solicitar aos seus directores que optem por não realizá-las, uma possibilidade prevista na lei, avançando com uma declaração de “escusa de responsabilidade” caso este apelo não seja tido em conta.
No 2.º ano, as provas em formato digital misturam conteúdos de duas disciplinas – Português e Estudo do Meio e Matemática e Estudo do Meio – e têm uma duração total de 90 minutos, com 20 de intervalo no meio.
Que provas de avaliação se seguem?
Os alunos do 9.º ano realizam as provas finais de ciclo, a Matemática e Português, a 16 e 23 de Junho. Está prevista uma segunda fase no mês seguinte. Tal como as provas de aferição, os exames são feitos pelo Iave, mas contam 30% para a nota final dos alunos.
Ainda mais determinantes para o futuro dos estudantes são os exames nacionais do ensino secundário, realizados no 11.º e 12.º anos. A primeira fase está agendada para 19 de Junho a 3 de Julho. Tal como acontece desde 2020, inicialmente devido à pandemia, os estudantes apenas realizam provas às disciplinas específicas dos cursos superiores aos quais se pretendem candidatar.