Medina promete melhorias na Carris já em 2017

A 1 de Janeiro de 2017 a empresa "regressa a casa", tornando-se propriedade da Câmara de Lisboa. Já a dívida histórica da Carris fica no Estado, garantindo o primeiro-ministro que tal não é "um favor".

Foto
Rui Gaudencio

A Câmara de Lisboa está preparada “para gerir bem” a Carris, que “será uma empresa financeiramente estabilizada”, e “para assegurar um melhor serviço aos cidadãos”. A garantia é dada pelo presidente da autarquia, que acredita que os utilizadores sentirão melhorias “já no primeiro semestre de 2017”, apesar de “recuperar o sistema de transportes” ser um trabalho “de anos”.

Fernando Medina falava na assinatura do memorando de entendimento do novo modelo de gestão da empresa, cuja propriedade e gestão transitam para o município no dia 1 de Janeiro de 2017. “Este é sem dúvida um dia histórico para a cidade e para a câmara porque a Carris regressa a casa”, afirmou, referindo-se ao facto de no passado a empresa ter já sido propriedade do município, realidade que se alterou com a sua nacionalização, em 1975. 

“Temos a plena consciência do que significa o serviço público de transportes”, acrescentou o autarca socialista, frisando que esse “não é um serviço que possa ser por definição lucrativo”. Nesse sentido, explicou, a câmara assumirá “o financiamento anual das necessidades de serviço público” da Carris.

A esse fim, lembrou, serão alocadas receitas de estacionamento, de multas e do Imposto Único de Circulação, verbas que a câmara concentrará num Fundo de Mobilidade Urbana. No Orçamento do município para 2017 (que será discutido esta terça-feira na Assembleia Municipal de Lisboa) esse fundo terá uma dotação de 15 milhões de euros.

Na cerimónia que se realizou no Museu da Carris, em Alcântara, Fernando Medina assegurou que à empresa serão alocadas “as receitas que forem necessárias para desenvolver a estratégia” que foi delineada pela autarquia. Isto, precisou, sem que a empresa regresse “às dívidas históricas do passado” e sem que volte a “uma situação de subfinanciamento”.

“Com a Câmara de Lisboa não haverá privatização ou concessão a privados. Não por preconceito ideológico mas porque sabemos que só nós conseguiremos recuperar hoje a Carris”, afirmou ainda, falando num “novo ciclo na vida da empresa”.

Já a dívida histórica da Carris, que ronda os 800 milhões de euros, ficará nas mãos do Estado. “O Estado não faz aqui nenhum favor, porque mantém-se responsável pelo que já é responsável, que é a dívida que criou”, afirmou a esse respeito o primeiro-ministro.  

Sublinhando que o acordo agora firmado (que “põe fim a um contencioso histórico entre o Estado, que a nacionalizou, e o município”) “já podia ter sido assinado há uns anos”, António Costa argumentou que isso só não aconteceu no Governo de Passos Coelho por “fanatismo ideológico”. Agora, louvou, “o bom senso prevaleceu sobre o fanatismo ideológico”.

“Tenho a certeza de que a cidade ganha muito com isto”, rematou o primeiro-ministro, admitindo que tem “alguma inveja” de Fernando Medina. Enquanto foi presidente da Câmara de Lisboa, António Costa lutou, sem sucesso, para que a Carris fosse municipalizada. Agora que lidera o Governo, essa sua ambição concretizou-se: “Mudei de funções mas não mudei de ideias”, gracejou.

Já o ministro do Ambiente destacou que aquilo que se pretende com a municipalização da empresa é um “reforço da oferta” e uma “melhoria da qualidade do serviço”. “Importa agir depressa”, afirmou Matos Fernandes, considerando que para tal contribuirão os novos tarifários para crianças e idosos que foram agora anunciados e que segundo adiantou Fernando Medina entrarão em vigor em Fevereiro do próximo ano.

Oito medidas para três anos

- Passes grátis para crianças até aos 12 anos e descontos para reformados acima dos 65

- Investimento de 60 milhões de euros na aquisição de 250 autocarros, com a aposta em veículos a gás e eléctricos

- Contratação de 220 motoristas

- Criação de 21 novas carreiras para ligar “os principais pontos de cada bairro”

- Corredores bus “de alto desempenho”, nos quais os autocarros consigam velocidades comerciais acima dos 20 Km/h

- Nova aplicação móvel com tempos de espera e trajectos

- Wi-fi gratuito nos autocarros e eléctricos

- Sete Parques dissuasores com “um tarifário simbólico, integrado nos passes”

 

Sugerir correcção
Ler 1 comentários