André Silva tranca “pantera” no bunker

Boavista paranóico com a segurança acabou vítima da própria estratégia. Portistas regressaram aos triunfos na I Liga.

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André Silva, aqui num jogo da Liga dos Campeões, fez dois golos Miguel Vidal/Reuters

O FC Porto superou, à custa de um vizinho demasiado temeroso, o trauma dos últimos empates, dando a volta a um derby desbloqueado pelo regresso de André Silva aos golos e pelos primeiros sinais de vida de Adrián López.

O Boavista apresentou-se no Dragão com uma postura anti-derby. Pragmático, aceitou a realidade, conformando-se com o papel de figurante, ignorando a tradição e a forma como sempre lutou e se opôs ao FC Porto. A “pantera” regressou à Liga, mas parece que ainda vai demorar a recuperar os instintos que alimentavam o derby da Invicta.

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O passado recente de goleadas (nove golos sofridos nos dois confrontos da última época) levou o Boavista a erguer um muro capaz de resistir à esperada investida do vizinho, adversário ferido no orgulho e com necessidade de provar, com carácter de urgência, que podem contar com este “dragão” para a discussão do título.

Nuno Espírito Santo e Erwin Sánchez revelaram, nas respectivas escolhas — com quatro alterações dos portistas e cinco dos “axadrezados” — que era preciso mudar.

O técnico da casa voltava a chamar Adrián (estreia na Liga a titular) e ainda Danilo, Óliver Torres e Marcano. E Adrián López renasceu mesmo, formando com Otávio e André Silva um foco que desgastou e desestabilizou o adversário.

Sánchez começava a erigir o muro bem atrás, na baliza, com o quarto guarda-redes em seis jogos. O bunker estava preparado e o início de jogo seria de luta de trincheiras, com o “dragão” a tentar flanquear um adversário que abdicava do ataque.

Para agravar o cenário e aniquilar qualquer esperança de espectáculo só faltava mesmo o golo de Henrique, ao quinto minuto, na sequência de um livre concluído em fora-de-jogo, mesmo que milimétrico, a pedir vídeo-árbitro.

Era ouro sobre a estratégia do Boavista, que passou a funcionar como um bloco de betão, com uma excepção: Bukia tinha liberdade para instigar e lançar o pânico ao mínimo deslize do FC Porto. Mas esta não foi a melhor opção de Sánchez.

O FC Porto dominava os nervos, sempre com Adrián López e Otávio apoiados nas indicações de Óliver, e operava a reviravolta com absoluta naturalidade. Depois de Danilo ter ameaçado com uma bola no ferro, André Silva quebrava o jejum de cinco jogos e igualava numa jogada com chancela de Otávio. O bis do avançado portista chegaria de penálti, a punir falta clara de Henrique sobre Otávio.

A partir daí, a táctica do Boavista desmoronava-se. E o mais surpreendente é que a “pantera” tinha, afinal, melhores argumentos. O jogo passou a disputar-se no campo todo e apesar do maior pendor ofensivo dos “azuis-e-brancos”, o Boavista conseguia criar algum suspense. Porém, era demasiado tarde e o “dragão” tinha, entretanto, aprisionado a “pantera” no próprio bunker. Alex Telles iria fechar as contas e deitar a chave fora num lance de pura infelicidade do guarda-redes boavisteiro.

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