Espírito Santo, a excepção à regra num Valência em crise

Clube teve sete treinadores nos últimos quatro anos e o português foi o único a completar uma época.

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Nuno Espírito Santo quando era treinador do Valência EMMANUEL FOUDROT/AFP

O milionário de Singapura, Peter Lim, tornou-se dono do Valência em Outubro de 2014 e levou para o clube uma capacidade financeira que este não tinha. Contratar jogadores de qualidade não tem sido problema. O problema tem sido acertar nos treinadores. Desde que Lim chegou a Valência, o clube já teve três técnicos e vai agora para o quarto, uma vez que Pako Ayestarán foi despedido.

Devido à boa relação com Jorge Mendes, empresário de Nuno Espírito Santo, a primeira aposta de Lim foi o então treinador do Rio Ave. O português teve uma época de 2014-15 de sucesso, terminando o campeonato em quarto lugar e apurando o clube para o play-off da Liga dos Campeões. Na época seguinte, Nuno levou o Valência à fase de grupos da Champions, ultrapassando o Mónaco de Leonardo Jardim, mas uma série de maus resultados no campeonato ditaram o despedimento.

Em Dezembro de 2015, chegou ao Valência Gary Neville, numa aposta arriscada do clube, uma vez que se tratava da primeira experiência do antigo jogador do Manchester United como treinador principal. O saldo do inglês na Liga foi francamente negativo – três vitórias, seis empates e oito derrotas – e a aventura só durou quatro meses.

Não aprendendo com a aposta falhada em Neville, o Valência foi buscar Pako Ayestarán, cuja carreira, até aí, foi maioritariamente passada como adjunto, inclusivamente de Quique Flores no Benfica. O espanhol terminou a época 2015-16 mas o clube ficou apenas seis pontos acima da linha de água. Esta época o técnico foi posto na rua ao fim de quatro jornadas e, apesar das quatro derrotas, considerou uma decisão injusta.

Mas não se pense que as apostas falhadas em treinadores são um exclusivo de Peter Lim. Na verdade, o Valência já não tem um técnico estável desde as quatro épocas de Unai Emery, entre 2008 e 2012. Quando o actual treinador do PSG resolveu sair de Espanha pela primeira vez, para treinar o Spartak de Moscovo, o escolhido para o clube "che" foi Mauricio Pellegrino. No entanto, devido aos maus resultados, o argentino só fez 14 jogos e quem fez a maior parte da época 2012-13 foi Ernesto Valverde.

O Valência acabaria em quinto lugar, não alcançando o objectivo Champions e o técnico espanhol saiu, dando lugar a Miroslav Djukic. As coisas também não correram bem e o sérvio não chegou a Janeiro. A aposta para acabar a época 2013/14 foi Juan Antonio Pizzi mas o oitavo lugar na Liga e a chegada de Lim precipitaram a saída.

Uma conclusão se pode tirar desta “dança” de treinadores no Mestalla: nos últimos quatro anos, Nuno Espírito Santo foi o único que completou uma época e isso, apesar da contestação dos adeptos, que já não festejam a conquista de um título desde 2008, quer dizer algo em relação ao bom trabalho que o português acabou por fazer, principalmente na primeira época, na qual igualou a melhor pontuação de sempre do Valência no campeonato (77 pontos).

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