Os festivais da caldeirada, de Setúbal e Sesimbra, que estão a decorrer este fim-de-semana nos dois concelhos da margem sul do Tejo, envolvem um total de 97 restaurantes. No caso de Setúbal, o Festival da Caldeirada 2016, que começa esta sexta-feira e decorre até dia 10 de Abril, são 56 os restaurantes que vão destacar, nas suas ementas, este prato típico confeccionado com o melhor peixe apanhado na costa sadina.

Para o último dia, o festival de Setúbal tem marcada uma sessão de cozinha ao vivo sobre a técnica de preparação e confecção da caldeirada setubalense, às 18h00 na Casa da Baía, pelo chefe António Almeida, do restaurante Taberna Grande. A sessão, com degustação, tem entrada paga e obriga a inscrição prévia.

Para a presidente da câmara de Setúbal, as caldeiradas representam também a promoção da cidade através da gastronomia. O evento, que durante 16 dias dá particular destaque a um dos pratos típicos da cidade, integra um ciclo de festivais gastronómicos promovidos ao longo do ano pelo município. Este ciclo, que se iniciou em 2015, com um certame dedicado ao choco, visa promover os produtos locais, especialmente o peixe e mariscos com tradição à beira-Sado, e apoiar a dinamização da economia local, sobretudo o sector da restauração.

Em jeito de balanço, Maria das Dores Meira disse ao PÚBLICO que os resultados da aposta da autarquia na promoção da gastronomia tradicional têm sido “excelentes”. 

“Ainda recentemente, Setúbal recebeu, no Porto, o prémio de melhor destino gastronómico de Portugal, entregue pela revista Wine Essência do Vinho”, recorda a autarca. Dores Meira sublinha também que o festival de caldeirada “arrancou há uns anos com apenas 10 restaurantes e hoje são mais de meia centena”. 

Em Sesimbra, onde este prato tradicional é conhecido como ‘caldeirada à pescador’, a iniciativa começou nesta quinta-feira e termina no domingo, envolvendo 41 restaurantes, não apenas das freguesias do Castelo e de Santiago, mas também em Almada, concelho vizinho onde se localiza um restaurante participante. Uma referência na gastronomia sesimbrense, a caldeirada é tradicionalmente preparada com tamboril, safio, tremelga e pata-roxa — ou caneja, como é popularmente conhecida nesta vila piscatória — e outros peixes capturados pela frota de pesca local.

Antigamente, o peixe era apanhado no próprio dia e não eram raras as ocasiões em que algumas espécies mais nobres, como o cherne ou a lagosta, entravam na receita. As mãos fortes e calejadas que empatavam o anzol, recolhiam e amanhavam o pescado eram as mesmas que elaboravam delicadamente a melhor caldeirada e a irresistível massa confeccionada com o caldo. É costume os comensais, após o prato principal, voltarem a pegar nos talheres, neste caso na colher, para terminarem o repasto com a massa de caldeirada, cozinhada na mesma panela. 

Os festivais de caldeirada são organizados pelas câmaras municipais de Setúbal e de Sesimbra, em colaboração com empresas e restaurantes.