CDS não está "propriamente disponível" para colaborar no plano de reformas do Governo

Comissão executiva centrista reuniu para distribuir as prioridades temáticas saídas do congresso. Assunção Cristas promete um CDS "construtivo" nas propostas relevantes para o país, mas sem se sentar à mesa com o Executivo.

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Rui Farinha/NFactos

Os centristas vão procurar apresentar as suas alternativas relativamente ao Programa Nacional de Reformas, mas a presidente do CDS-PP não está disponível para se sentar à mesa com um Governo "encostado às esquerdas radicais".

"Nós faremos a nossa reflexão dentro do CDS e seremos sempre actores construtivos de propostas em matérias que são relevantes para o país. Não nos parece que estejamos propriamente disponíveis para nos sentarmos à mesa com um Governo que está encostado às esquerdas radicais e em relação ao qual nós somos uma oposição firme", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas à margem da primeira reunião da comissão executiva do CDS-PP saída do último Congresso do partido.

A nova presidente afirmou que, "no quadro de uma oposição firme e consistente a este Governo", procurará "sempre mostrar as alternativas do CDS".

O primeiro-ministro, António Costa, anunciou na quarta-feira no Parlamento que depois da Páscoa começa o debate sobre o Programa Nacional de Reformas, avançando que nele o executivo presente resolver "os bloqueios estruturais" à competitividade. Na altura, Carlos César desafiou a direita a participar no debate deste plano e do Programa de Estabilidade e Crescimento. O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, disse no dia seguinte, em Bruxelas, que os sociais-democratas estão "muito disponíveis para discutir as reformas", mas salientou que para tal é necessário que o Governo "ande para trás" na sua política de as "desfazer".

A primeira reunião da comissão executiva do CDS, o órgão de direcção mais restrito do partido, decorre na sede nacional, em Lisboa, e serve sobretudo para "arrumar ideias" e "discutir tarefas", garantindo a "articulação com o gabinete de estudos", que passou a ser liderado por Diogo Feio, como descreveu Assunção Cristas.

Foram distribuídas pastas temáticas de acordo com as linhas prioritárias definidas no congresso do passado fim-de-semana, em Gondomar. A vice-presidente Cecília Meireles ficará com a coordenação nas questões ligadas à supervisão, incluindo a supervisão bancária, área em que o CDS quer mudar a forma de nomeação do Banco de Portugal – mas para a qual é necessária uma revisão constitucional.

Filipe Anacoreta Correia, que foi crítico de Paulo Portas, ficará, juntamente com Miguel Morais Leitão, com a reforma do sistema de pensões, bem como com as matérias de conciliação do tempo de trabalho e familiar e o envelhecimento activo.

O vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ficará com o dossier da dinamização da economia, e Ana Rita Bessa com o estudo da ADSE, um subsistema de saúde dos funcionários públicos que Assunção Cristas admitia, na sua moção ao Congresso, pudesse ser alargado a todos os trabalhadores que a ele quisessem aderir.

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