Cartas à Directora

Um editorial diferente

Gostei imenso do editorial  do PÚBLICO de 18/11. Decididamente (curioso, o título também  assim começava) denunciou um ponto crucial da cultura das nossas sociedades chamadas de ocidentais: porque aceitamos factos de ficção que, quando a realidade imita ou ultrapassa esta, nos fazem "encolher" e censurar como excessos que devemos esconder para não lembrar más ideias? Porquê retirar ou titular eufemisticamente filmes e canções quando o terrorismo desaba sobre nós? Má consciência dos interesses económicos que nunca se importam de mostrar massacres e traições como "divertimento" mas que, por pudor ou outra razão, não podem ser mostrados ou cantados quando se tornam realidades recentes?

Tenho para mim que esta atitude ambivalente faz parte dum statu quo pertencente à mesma "família" de pensamento em que tudo é defensável desde que seja na "casa do vizinho" ou, dum modo mais popular, "pimenta no cu dos outros...". Saibamos o que queremos mas, culturalmente, haja coerência em que palavras como "explosões", "tiroteios" "bombas" signifiquem sempre a mesma coisa e não coisas diferentes ora sejam divertimento ficcional ora tragédia real.

Fernando Cardoso Rodrigues, Porto

 

Os feriados e o aborto

Enquanto alguém decide, ou ajuda a decidir, se interessa ou não este país ter um Governo, o Parlamento, para não estar só à espera, rectifica o que “antes” não havia que ter sido mexido. (…)

Relativamente aos 4 feriados que foram abolidos, suspensos ou retirados para a troika ver que se estava muito tempo no local de trabalho, mesmo sem trabalhar, é urgente que sejam repostos. A propósito, “cortar” quatro feriados para fazer a produtividade aumentar, foi um erro. A nossa produtividade diminuiu. E porquê? Porque temos que ter melhor organização empresarial, melhor vontade de fazer mais e melhor em menos tempo e não o contrário, que é estar muito tempo no local de trabalho – quase como castigo – para não produzir.

Espera-se, assim, que a reposição dos quatro feriados seja um facto. A Alemanha tem muitos mais feriados que nós e tem uma produtividade superior em 32%!

Quanto ao aborto, que nunca por nunca deve ser um método anticonceptivo, só é feito pela mulher que livremente o quer fazer, e não tem que se ir alterando o que foi aprovado em referendo de forma a acabar com que aí foi decidido, ou seja, vir a proibir o aborto.

Temos que, todos neste país, (…) que mudar mentalidades e atitudes, pensar, pensar, e fazer, fazer.

Não nos deixarmos arrebanhar, formatar. Termos vontade de ser diferentes para melhor. De actuar sempre que seja para obter resultados positivos e não só por parecer que se vai agradar a alguém ou magoar outrem.

Temos, todos, que ajudar a fazer um País melhor, com causas de máxima importância e positivos efeitos/resultados, em vez de andarmos crispadamente a perder tempo com o secundário por não haver coragem em tratar do essencial.

Augusto Küttner de Magalhães, Porto

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