O Sporting suspendeu o médio peruano André Carrillo e abriu um processo disciplinar ao jogador, depois de meses de incerteza sobre a renovação do contrato que o ligava ao clube de Alvalade.

Um comunicado divulgado na página oficial do Sporting no Facebook revela que há cerca de "um ano e meio" que o clube tenta chegar a um acordo com o internacional peruano, mas uma "postura negocial reiterada de má-fé" impediram a prorrogação vínculo contratual, que termina a 30 de Junho 2016.

O extremo, de 24 anos, cumpre a última época de contrato com o Sporting e ficou fora das opções do treinador Jorge Jesus nos últimos quatro jogos dos "leões", desde a recepção aos russos do Lokomotiv de Moscovo, na primeira jornada da Liga Europa.

No mesmo comunicado, dividido em 32 pontos, o clube dá conta da desconvocação pelo agente de Carrillo de uma reunião agendada para sexta-feira, referindo ainda que o futebolista, após o fecho do "mercado" de transferências, informou o clube de que não queria jogar pelo Sporting e que pretendia sair a custo zero.

Face a esta realidade exposta pelo Sporting, o clube anunciou a instauração de um processo disciplinar a Carrillo e a “consequente suspensão imediata do jogador”, considerando que o futebolista peruano tem agido de “má-fé” no processo de renovação do contrato. A SAD do Sporting assume-se ainda “ludibriada” com os impasses do processo negocial, considerando que este a lesa “de forma dolosa patrimonialmente”.

O clube "leonino" diz ter apresentado “várias propostas, sucessivamente revistas e melhoradas”, cuja negociação foi “sempre adiada”, sobretudo “em função da agenda do representante do jogador e do próprio”, concluindo que o objectivo do jogador e do agente [Elio Casareto] passou por “consumir tempo do actual vínculo contratual”.

No entanto, segundo o clube, em Agosto, “o jogador concretiza uma resposta propondo expressamente as condições que pretendia auferir, algo que foi aceite imediatamente pela Sporting SAD e reduzido a escrito, tendo em vista a sua assinatura”.

Apesar deste acordo, Carrillo solicitou a presença do agente, que reuniu com a SAD dos "leões" sem o jogador: “Quando, legitimamente e de novo em boa-fé negocial, a Sporting SAD julgava que o passo seguinte e derradeiro seria a assinatura do acordo, relembre-se nos exactos termos que o jogador tinha proposto, o seu agente termina a reunião porque entendia que deveria falar com o mesmo”.

O contrato acabou por não ser assinado, por, segundo o Sporting, algumas exigências processuais de Carrillo e do seu pai, até que o agente do peruano informa o clube de que vai chegar uma proposta para a transferência do jogador.

“Nesta altura, o agente do jogador apresenta uma proposta que reúne a condição atrás expressa e que viabiliza a transferência do jogador para um clube inglês e a Sporting SAD aceita-a”, refere o Sporting, acrescentando que “o negócio foi abortado devido ao facto de que é o próprio jogador que, paradoxalmente, afirma recusar a oferta que o seu próprio agente lhe apresentara”.

Após esta situação, ocorrida a 31 de Agosto, dia do encerramento do mercado de transferências, e no regresso a Lisboa, depois de ter representado a selecção peruana, Carrillo “informa a Sporting SAD de que não quer mais jogar pelo Sporting e que pretende sair do clube a custo zero. É este o seu assumido intuito”.

Perante este anúncio, o Sporting decidiu instaurar um processo disciplinar ao jogador, comunicou a decisão à equipa técnica, que pediu “uma última tentativa de entendimento”, promovendo, nesse sentido, uma reunião entre Jorge Jesus e Carrillo.

“Nessa reunião o jogador, na presença da administração da Sporting SAD e do treinador acaba por adiantar que apenas pretende auferir no Sporting a retribuição que considera adequada, reiterando que, afinal, renovaria pelo clube e condicionando apenas o acordo à presença do seu agente”, salienta o Sporting.

Reunidos com o agente, este explica que Carrillo “não teve coragem de afirmar pessoalmente à Sporting SAD e ao seu treinador que não queria mais jogar no clube”, algo que o jogador ouve “placidamente”, ainda segundo o comunicado.

Mesmo assim, o clube diz ter apresentado nova proposta, que o agente considerou “muito aliciante”, mas que acabaria por ser rejeitada.

Praticamente inviabilizada a renovação, o Sporting tenta então assegurar a transferência do jogador em Janeiro de 2016, prevendo um valor superior caso o destino de Carrillo fosse um clube português.

“O jogador informa a direcção de futebol de que está de acordo com esta proposta, pede o respectivo documento para leitura e, novamente, volta com a palavra atrás e recusa-se a assinar o mesmo documento que tinha negociado”, detalha o clube, que agendou para a última sexta-feira uma reunião com Carrillo e o seu representante.

No entanto, “esta foi subitamente desconvocada pelo seu agente alegando que não haveria absolutamente hipótese nenhuma de solução para a situação”.

"A Sporting SAD está agora convictamente convencida de que o projecto desportivo com o qual o jogador se encontra comprometido não é o nosso", remata o clube. com Lusa