Benfica: com fé no tricampeonato mesmo sem Jesus

Terminou o reinado de Jorge Jesus e começou a era Rui Vitória no comando técnico do Benfica. “Encarnados” iniciam defesa do bicampeonato domingo, em casa, frente ao Estoril.

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Rui Vitória tem a difícil missão de fazer esquecer Jorge Jesus na Luz Miguel Lopes/AFP

Após seis anos de matrimónio, Jorge Jesus terminou a relação com o Benfica e rumou a Alvalade para orientar o rival Sporting, na transferência que marcou o defeso. O presidente dos "encarnados", Luís Filipe Vieira, escolheu Rui Vitória para assumir o comando técnico da equipa, com a responsabilidade de atacar o tricampeonato, feito que não é conseguido pelos lados da Luz há 39 anos, desde a temporada 1976-77.

Os primeiros passos do regresso do treinador de 45 anos a casa – orientou os juniores entre 2004 a 2006 – têm tido tudo menos… vitórias. A pré-época foi um descalabro: cinco jogos, que redundaram em três derrotas (PSG, New York Red Bulls e Monterrey) e dois empates - com a Fiorentina, derrota nas grandes penalidades, e América, vitória na marca dos 11 metros -, muitas experiências falhadas, uma equipa à deriva em termos tácticos, exibições pálidas, incertezas, muitas, no que concerne ao reforço do plantel e uma fraca aposta na “cantera”, agora uma das bandeiras do clube. Apenas Nélson Semedo tem sido aposta constante do antigo míster do Vitória de Guimarães. A tudo isto, juntaram-se as saídas de duas pedras basilares do onze tipo que era apresentado por Jorge Jesus na última temporada. Lima foi vendido ao Al Ahly, por sete milhões de euros, e Maxi Pereira, que estava em final de contrato, abandonou o clube após oito anos, e vinculou-se ao rival FC Porto, numa das transferências mais mediáticas deste mercado de contratações. E há ainda a questão de Salvio. O extremo argentino recupera de uma grave lesão (rotura de ligamentos do joelho) direito e estará fora de acção nos próximos meses.   

Qual lei de Murphy, o pior estava ainda para vir, no último domingo, o Benfica perdeu por 0-1 e viu o Sporting festejar a Supertaça, numa espécie de vingança que teve Jorge Jesus como protagonista. Aliado ao desaire, o que mais chamou a atenção foi a facilidade com que os "encarnados" perderam. Exibição fraca, com pouca chama e sem nenhum vestígio da equipa que em Maio conquistou o bicampeonato.

Tal como na época passada, Luís Filipe Vieira, Rui Costa e seus pares deixaram para Agosto o ataque final ao reforço do plantel. Se em 2014 chegaram no tórrido calor do Verão Júlio César, Jonas (foi oficializado já em Setembro), Samaris e Cristante, este ano foram resgatados Mitroglou (Fulham) e Raúl Jiménez (Atlético de Madrid). Duas lanças para um ataque demasiado dependente do génio de Jonas e órfão do “omnipresente” Lima. Mas o reforço do plantel que vai atacar a temporada 2015-16 não ficará por aqui. Vieira prometeu – “Há uma garantia que aqui te quero deixar. Vais ter as mesmas condições que outros tiveram e vais poder contar com uma equipa competitiva, capaz de dar corpo às tuas e às nossas expectativas” – e quer cumprir o que disse a Rui Vitória a 15 de Junho, quando decorreu a apresentação do novo treinador no Museu Cosme Damião. Até ao fecho do mercado, devem chegar à Luz mais alguns jogadores: um lateral para fazer concorrência a Eliseu no corredor esquerdo – sonha-se com o regresso do filho pródigo Fábio Coentrão a casa –, um médio – o argentino Meli do Boca Juniors tem sido apontado – e dois extremos para reforçar as alas. Em sentido contrário, Nico Gaitán poderá sair do clube a qualquer momento. Muitas dúvidas marcam a entrada em acção do bicampeão nacional, numa época em que a exigência será elevada face ao alto investimento que FC Porto e Sporting fizeram nos seus plantéis. A resposta a todas estas dúvidas começa já neste domingo, às 20h30, no Estádio da Luz na recepção ao Estoril.

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