Internacionais A são ponto em comum com a geração de 1994

Nesta selecção de sub-21 há mais um jogador com experiência de equipa principal do que na formação que chegou à final, há 21 anos.

Foto
Radek Mica/AFP

A viagem de comboio que a comitiva portuguesa fez neste domingo em direcção a Praga, na República Checa, onde na terça-feira disputará a final do Campeonato da Europa de sub21, foi feita no clima de boa disposição e confiança de quem sabe que está prestes a fazer história. A hipótese de discutir o título não é, de resto, o único ponto que esta geração tem em comum com a de 1994. Agora, como então, são já vários os internacionais A que fazem parte da convocatória.

“O futuro afigura-se brilhante para o futebol português, a julgar por esta exibição. Imagine-se estes jogadores e Ronaldo”, escreveu no Twitter Roy Keane, uma lenda do Manchester United e da selecção da Irlanda. O ex-técnico adjunto do Aston Villa reagia desta forma à goleada imposta à Alemanha (5-0), nas meias-finais, que valeu a Portugal a segunda presença na final do torneio, no actual formato.

Há 21 anos, em França, a selecção nacional, comandada por Nelo Vingada, perdeu o título na recta final. Num torneio com oito equipas, Portugal bateu a Polónia, a Espanha e caiu no prolongamento, no encontro decisivo, frente à Itália. Perdeu-se um troféu mas ganhou-se uma mão-cheia de jogadores que brilhariam a grande altura na equipa principal, nos anos seguintes.

“Depois do Mundial [de juniores] de 1991 mudou muita coisa e houve benefícios para a selecção A, que conseguiu resultados fantásticos. Estamos noutra era, há outra vez um élan bom no futebol jovem mas é preciso serem os treinadores a apostar nestes jogadores”, avalia Nelo Vingada, ouvido pela RTP. 

Na sua convocatória, a de 1994, o treinador nascido emSerpa, há 62 anos, contava já com sete internacionais A: Luís Figo, João Vieira Pinto, Rui Bento e Paulo Torres estrearam-se em 1991, Jorge Costa em 1992 e Abel Xavier e Rui Costa em 1993. Cinco meses depois do final da competição, foi a vez de Ricardo Sá Pinto receber o “baptismo” na selecção principal, num jogo frente à Irlanda do Norte. 

Um correlação de forças semelhante à que vigora actualmente na equipa de Rui Jorge. Do elenco presente na República Checa, são oito os jogadores já com experiência de equipa A: Paulo Oliveira, Raphael Guerreiro, Rafa, William Carvalho,  Bernardo Silva, João Mário, Ricardo Horta e Ivan Cavaleiro. É verdade que alguns deles actuaram apenas em jogos de preparação, mas o alargamento do leque de recrutamento por parte de Fernando Santos, o seleccionador principal, tem aberto portas aos mais jovens.

Com a caminhada de sucesso que esta geração está a cumprir e com o apuramento para o Campeonato da Europa de 2016, em França, muito bem encaminhado, é muito provável que Fernando Santos leve consigo algumas das peças que têm feito funcionar a máquina portuguesa neste torneio. E quem sabe se com um título continental no currículo.

Para isso, é preciso que Portugal consiga fazer algo que não fez na fase de grupos, que é derrotar a Suécia. Apesar de o percurso imaculado na fase de qualificação e de a qualidade do futebol praticado colocarem a equipa de Rui Jorge na pole position para este jogo, há muitas cautelas a ter. “Penso que numa final não há favoritos, numa final tudo pode acontecer. Nós, certamente, vamos estar o mais bem preparados possível e vamos tentar trazer o melhor resultado para a nossa nação”, salientou João Cancelo, lateral direito do Valência, desvalorizando o empate registado na semana passada (1-1). “Não há jogos iguais, uma final é sempre uma final”. 

Quando olha para a selecção sueca, o antigo jogador do Benfica destaca a organização defensiva: “São muito aguerridos, penso que são uma equipa muito compacta. É muito difícil entrar na sua defesa, mas também estamos muito confiantes, estamos a praticar um bom futebol”, justificou, em declarações reproduzidas pelo site da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).

Palavras de incentivo não têm faltado e Humberto Coelho, vice-presidente da FPF, acredita que os jogadores “não desperdiçarão a oportunidade” de arrebatar o troféu, sabendo de antemão que terão de jogar nos limites: “A Suécia também goleou a Dinamarca (4-1) e isso foi mais um alerta”.

Sugerir correcção
Comentar